A tua vida é exclusivamente tua.
Pelo menos assim deves pensar a partir de determinado momento.
Ultimamente tenho sido assolado por variadíssimos dilemas morais e existenciais, que me toldam e enevoam a capacidade de raciocínio limpo, claro, crú, despido de ideologias utópicas e surreais.
Sei-me como uma pessoa devota à família, àquela que foi a minha realidade durante tantos anos, e que numa fase em que se montam vagarosamente na minha mente, cenários de despedida, de contrução de uma nova realidade, de construção pessoal, solitária, que terá de ser vencedora, pois é essa a única forma que conheço para traçar objectivos e metas, sinto agora um receio enorme pelo destino das coisas que deixarei, não para trás, mas para o lado.
O futuro do meu sangue assume-se como uma preocupação central, mas que tem de necessariamente ser posto de lado.
Tenho um grande, 1.95m, conselheiro, com quem costumo debater estes problemas, esse enorme conselheiro, faz-me ver as coisas de um ponto de vista mais translúcido, na medida em que o ecrã através do qual ele vê a minha realidade, está sintonizado noutro canal, e pode fazer zapping tranquilamente, pois vê apenas a realidade no ecrã, o que lhe permite uma análise mais racional, fria, desvinculada, e ao mesmo tempo, de uma coerência notável e de uma imparcialidade necessária.
É sem dúvida um período crítico na vida de qualquer jovem adulto, a cisão fixada dos cordões e nós pós umbilicais, que nos ligam aos nossos pais, mais precisamente à minha Mãe, mas que tem de ser encarada, ainda que isso pareça quase impossível nos dias de hoje, copmo algo natural.
A família olhará sempre para nós com olhos de orgulho, de carinho, de acompanhamento, mas esse deixa de ser exaustivo, a bem da saúde mental de ambos.
Não serei o único a sentir esta ansiedade, mas espero ser útil na medida em que penso, que a naturalidade do olhar, deverá ser superior à ansiedade do deixar de estar, que não significa, longe disso, deixar de ter.
A vida é só uma, e cada um deve viver a sua, e não a dos outros, não somos pais dos nossos pais, nem pais dos nossos irmãos, devemos ser sim EXEMPLOS para todos eles, referências, focos de orgulho e análise de percurso, sabendo que na eventualidade de tropeçarmos pelo caminho, temos sempre quem nos dê a mão.
Deixemos de ter este sentimento tão latino, de dificuldade em largar as saias da mãe e os ombros do pai, no caso de quem tem os dois, mas perfeitamente adequado a quem conta, seja por que circunstâncias forem, com apenas um deles, porque é essa incapacidade projectada e não real, que acaba tantas vezes, em histórias de insucesso e de infelicidade para ambas as partes envolvidas nestes acordos de sangue.
A vida é tua, só tua, tu fazes as tuas escolhas, segues o teu caminho, não podes seguir o dos outros, nem deixar que sigam o teu por ti, serás eternamente manco se o ousares fazer ou simplesmente tentar.
Luta, por ti.
Vive, para ti.
1 comentário:
estás a dar-lhe forte!!!!
força martish
beijo**
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