04h00 da manhã.
Candeeiro aceso, sombras na parede, olhos ainda abertos, pensamento tão desperto, acalentando o meu dançar.
Vagueia-se-me a alma pelas ruas da cidade, em busca das respostas que tardo em não querer ignorar.
Está mais do que na hora, é mais do que tempo de seguires rumo à primavera (escrito com letra "pequena", já a caminho do novo (des) acordo ortográfico) como cantou tão bem Manuel Cruz.
Estou a meio de um bloqueio.. penso.. e não escrevo.. sinto e não devo.. procuro e não encontro.. o que vejo.. é o que sei há tanto.. Mas conformo-me e derroto o ímpeto surreal, não sinto mais do que aquilo que sentia, não desespero, e aí deixou de estar o mal..
Ou estará aí mesmo a solução primordial?
O que faz de um homem, esse mesmo homem?
É a capacidade de superação, re-invenção, acomodação e de aprendizagem, ou é a capacidade de luta, regeneração e crescimento que advém da quantidade de sofrimento que consegue encaixar?
Ser-se humano nos dias que atravessamos, não é de todo uma tarefa simples e de fácil concretização.
Viver está difícil, crescer parece complicado, e o futuro é aos nossos (jovens moços) olhos uma missão cada vez mais imprevisível e de trajecto inobservável.
Mas aí reside também a natureza bela do incerto.
De que vale saber o que vamos encontrar? De que nos vale conhecermos os desígnios do Divino que nos esperam?
De nada.
Penso até que nos atreveríamos a apressá-los para que nos pudéssemos contentar mais depressa com o que é nosso por direito, para que de forma tão egoísta nos conseguíssemos satisfazer o mais rapidamente possível.
Quem pensa em si e não no próximo, quer para si tudo e deixa para o pobre coitado do vizinho, aquilo que não consegue com os olhos alcançar.
Os olhos comem, e onde os olhos chegam o homem quer tocar!
Nada contra.
Mas o futuro, esse figurado espaço temporal que a ninguém assiste o poder do controlo, só tem a beleza que tem porque é desconhecido, porque é distante, porque está envolto numa cortina de neblina densa, e ao mesmo tempo enigmática e sedutora, que permite um vaguear dos pensamentos idílicos, em direcção ao sonho e ao desejo.
Queremos o futuro na mão ou os sonhos esmagados no chão?
Nada disso.
Quero é viver!
Já dizia Voltaire: "Não podemos querer o que desconhecemos."
Como tal, aspira ao que queres ser, sem nunca deixares de ser aquilo que és.
Conheço alguém com nome de princesa, sim, porque até para se ser princesa é necessário ter um nome à altura.
É uma princesa de verdade, mas dos tempos modernos, dos tempos de luta, de crença, de força, de muita força. de vestidos, ganchos e bandeletes, de brincos, anéis e pochetes, mas sobretudo com alma de guerreira, com alma de quem tudo vence, tudo dobra e tudo sente.
Ana.
Olhos em ti, pelo exemplo que doas ao mundo.
Olhos no alto, porque és do tamanho do que fazes e representas e nunca do tamanho da tua altura, olhos em ti, porque o que tu sabes, poucos sabem.
Olhos em ti, porque a vida é bem mais do que a estupidez diária dos que passam por ela, sem a viver de verdade.
Como consegues ser princesa e cavaleira ao mesmo tempo?
Como consegues gerir e comandar, sorrir e encantar?
Não sei como o fazes, mas o que é certo, é que mesmo não aparecendo em revistas, em fotografias ou entrevistas.. é enorme o espaço que conquistas.
És uma pessoa de verdade, nobre por direito, e grande na dimensão real da tua pessoa.
Que orgulho eu tenho por ser amigo de uma princesa.
Contarei isto aos meus, quando um dia os tiver.
Aprendo ao passar por pessoas assim, ao fazer parte do mundo de alguém tão grande, também eu me engrandeço e me torno melhor, maior e mais forte, mais denso e mais conciso, obrigado, muito obrigado.