Dias, noites, tardes, manhãs, madrugadas, alvoradas, palhaçadas.
Revolta, tristeza, fúria, lamuria, convulsão, depressão, aceitação, compreensão, entendimento, desenvolvimento, lamento profundamente, dor permanente.
Quem não sabe do que falo, não sabe o que se sente.
É o que é, e aqui estou de pé.
Só um momento, tenho de interromper.
Há um copo meio cheio que está sozinho, e sem mim não se volta a encher, e Meu Deus, à dor, a essa sim tenho de dar de beber, é só um instantinho.
E vai mais um golinho.... ahhhhh.
Retomemos.
Duvido e duvidei tantas vezes, esfrego os olhos que não abro e, não os sinto, há um certo prazer na loucura que só o louco percebe, há um certo temor na tristeza que só o triste consegue, há um certo pesar na forma como se escreve, mas há também uma dose de sobriedade que advém da busca do entendimento, de que nem sempre o triste se lembra.
Na verdade, procura pensar de menos nas coisas a mais, procura perceber quais foram os erros fatais, busca na amargura a frescura das figuras leais, e encontra na sombra a resposta para os dias, que tais.
Nem sempre consegue achar a resposta mais certa, nem sempre se lembra que dorme de janela aberta, é torta a linha que segue e que há-de seguir, o desencanto que sente no amor que deixa partir.
Ah poeta, palerma que sonha que há-de vencer,
o terror dos dias de dor que jura jamais perceber.
Herói acabado de rosto tapado que teima em sorrir, olhando o futuro, guardando o passado, sonhando acordado com o que há-de vir.
Quem promete, repete, tal qual a cassete da fita comida,
É triste pensar, no horror de enterrar um ciclo de vida.
Mais dias virão, tens o caminho na mão, não sejas tristeza,
Serás o melhor, sabes isso de cor, com toda a certeza.
Poesias à parte, que para isso não há arte que explique a destreza,
De em parte montar, um fio de pensar, com toda a clareza.
E que melhor para completar aquilo que julgo dizer, com as palavras de alguém que na vida soube bem como custa, o sofrer.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Contados, um após o outro.
Andei e andei e até aqui cheguei,
Ao longe conto as vezes que sozinho me perdi.
Sozinho, de pé, sentado, deitado, bem sei, o que é viver sem ti.
Acredito e sei que repito, talvez porque custa aceitar,
Que o futuro possa ser um lugar, onde tu não vais estar.
Mas no final de contas, olho, vejo, penso e sorrio,
Mesmo que por dentro o que sinto, seja o mais puro vazio.
4 comentários:
Chiça, profundo!!!
Conto os dias, como tu. E no momento em que penso estar a levantar-me há sempre alguma coisa, qualquer coisa, que logo me atira bem para o fundo. Talvez seja só eu. Porque, de momento, sinto-me só, eu.
Gostei! Sentido, mesmo do fundo do coração.
Conheço-te tão bem..............
Meu fado.
Meus olhos, teus olhos, seus olhos, olhos meus.
E seguirei sempre assim, vendo e orgulhando-me de como o vejo.
E são meus olhos, e a eles não os trocava por nada desta vida
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