11 de novembro de 2011

É por mim e para mim

Não escrevo para os outros, não escrevo para que me leiam, não tenho a pretensão de ser comentado, discutido, apreciado. Não quer ser falado, observado e analisado.
Pouco me interessa o que pensem, o que achem ou considerem.
Não vou prestar sequer atenção ao que possam pensar que está por trás da minha relação com as palavras.
Escrevo porque quero, porque posso, porque tenho esse direito, porque me apetece, porque sei o que quero escrever, porque vou directo ao assunto da minha escrita e porque na verdade, acredito nas palavras que exponho aos olhos curiosos dos que lêem o que escrevo.
Porque é que alguém se dá ao trabalho de o fazer?
É uma pergunta que da minha parte ficará sem resposta, porque, não me diz respeito.
Protejo as mãos que vagueiam pelas teclas, neste novo mundo de escrita sem tinta, sem caneta, sem o calo no indicador, sem os rabiscos e rascunhos na folha que começa por ser cândida e alva como a manhã e acaba por ficar amachucada e esventrada como o coração que sofre aquela dor, a dor intensa de quem sente e sabe, de quem tem a certeza que conhece o amor.
Escrever é bem mais do que a definição que limita a arte.
Escrever é bem mais do que comunicar por meio da escrita, do que articular caracteres em "cacagrafias" sem sentido.
Escrever é perceber o que a mente processa. 
Escrever é dizer bem e depressa.
Escrever é falar com a boca fechada.
Escrever é encontrar a forma desejada da expressão já cansada.
Escrever é tanto mais que a ambição de querer ser lido, comentado, discutido, falado, comedido, desregrado.
Escrevo, escrevi e escreverei.
Porquê?
Porque viver de outra forma é coisa que não sei.

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