9 de junho de 2010

O regresso

Alturas há em que não sabemos bem o porquê de tanta coisa, mas no entanto, não deixamos de os rocurar incessantemente, quem? Os porquês...
Porquê? Não sei.
Porque é mesmo assim, porque a vida é exactamente o caminho de procura de respostas para os tantos porquês e não seis com os quais nos vamos deparando no decorrer do percurso que delineamos ao longo da existência fugaz, a que chamamos vida.
Ora no decorrer das respostas, chegamos sempre a mais perguntas.
E hoje pergunto-me porque é o ser humano capaz do melhor e do pior?
Porque carga de água o ser humano português, é cada vez mais levado a olhar apenas para si, apenas par ao que é seu, apenas para o que tem, ou para o que não tem.
A sociedade é transformada por sucessivas más escolhas, por constantes mentiras descaradas, de gente que é escolhida para nos oprimir, para nos remeter para uma irreal, mas palpável condição subjugada de humanidade, a que nos vamos afeiçoando, a que nos vamos acostumando e que a pouco e pouco vamos tomando como verdadeira.
A falsidade passa assim a ser verdade, e a verdade passa assim a ser um preciosimo mimado de quem acha que tudo isto está errado.
Más notícias amigo verdadeiro, estás errado, lixado, és comido, entras mudo e sais calado.
É assim a tua vida.
Passas férias na Costa da Caparica, conduzes um BMW que estás a pagar há 5 anos, tens uma mulher que pesa 95 kgs, 2 filhos badalhocos a quem a tua esposa corta o cabelo à tigela, e ainda comes sopa de alface e orelha de porco como uma iguaria gourmet.
Triste vida a tua, de homem "feliz".
Cava-se um fosso cada vez maior entre os que pouco têm e os que nada têm.
Não, não me enganei, ao não ter referido os que têm muito, porque esses, esses são de uma estratosfera totalmente à parte do mundo das pessoas.
Esses não são quantificáveis, palpáveis, misturáveis e enumeráveis.
Esses têm muito mais, mais que muito, mais que todos.
Porquê?
Não sei.

7 de abril de 2010

Leonel MESSI

Há momentos na vida que são abrilhantados por singularidades mágicas, transmitidas pela Televisão, esse aliado do conhecimento, esse pilar do mundo moderno.
Ontem, para aqueles que têm a possibilidade económica de assinar o canal SPORTV, Leonel MESSI ofereceu uma exibição monumental, um chorrilhão de fantasia e felicidade, ao ter feito uma exibição verdadeiramente GALÁTICA, que prova que é um predestinado, um magnífico executante, que rejubila a cada jogada que faz, que se sente melhor ser humano com as alegrias que dá a todos aqueles que pagam inflaccionados bilhetes, unicamente para o verem jogar.
MESSI é verdadeiramente de outro mundo, de um mundo onde ainda existem jogadores capazes de se satisfazerem com tão pouco, de um mundo onde se correspondem a sonhos com o melhor que o futebol tem para dar, GOLOS e ESPECTÁCULO.
A PULGA é assim mesmo e o sorriso com que termina cada jogada, com que vê a bola entrar na baliza, é suficiente, para nos fazer saltar do sofá e festejar cada golo seu, como se estivéssemos de facto no estáfio e o ovacionássemos, aclamando o DEUS que pisa o relvado de CAMP NOU com sapatilhas enfeitiçadas.
O BARCELONA deu-lhe tudo, deu-lhe a possibilidade de jogar futebol e o Argentino retribuí com tudo aquilo que pode dar.
É inegável que este Barcelona, que é o mesmo do ano anterior, mais IBRAHIMOVIC, irá figurar durante anos e anos nos quadros da melhores equipas de sempre, mesmo nos tempos efémeros que vivemos, em que tudo se esquece no dia a dia que nos esquece.
Foi por isso um verdadeiro prazer assistir ao jogo de ontem.
O Arsenal, imprudente, resolveu esticar-se no campo e adiantar-se no marcador, MESSI não gostou da brincadeira, é o seu estádio, a sua casa, casa de onde não quer nem vai, quanto a mim, saír nunca.
Marcou e fez levantar o estádio.
A partir daí, Wenger percebeu que estava tudo acabdo, e que só o cronómetro lhe valeria, mas até esse parece ter sido hipnotizado pela magia do astro Argentino. Ao final da primeira parte, já tinha 3 golos marcados. E o melhor ainda estava para vir, mais um slalom pelo meio dos Arsenalistas baralhados, e à segunda faz a bola passar por baixo das trémulas pernas de Almunia, pobre coitado, que deve ter dormido tão bem, pois foi cilindrado pelo melhor do mundo.
MESSI só queria mais uma coisa, e foi atrás dela no final da partida. Pediu ao árbitro, com aquela carinha a quem ninguém consegue dizer não, se podia guardar a bola do jogo.
Poderia este negar-lhe tamanho desejo? Claro que não, a bola é dele, e levou-a para casa, a primeira da liga dos campeões, o primeiro Póker.
Obrigado Leo Messi, por tornares este mundo melhor.

5 de abril de 2010

A Realidade é bem Real. Para mim é lixo, para eles é material

Ontem, e não hoje, ou há meses atrás.
Ontem mesmo, depois de um passeio nocturno pela minha tão singela rua, encontrei um cenário tristemente real, daqueles que nos fazem perceber em que mundo estamos.
Ora, eram 22:50, não muito tarde, mas também não muito cedo, quando me apercebo da passagem, do lado contrário da rua, sentido descendente, de um grupo de jovens que pensei ser mais um grupo de míudos, adolescentes, que andavam a passear rebeldemente pelas ruas, quando olho por cima do ombro e de seguida de frente para eles, que já me tinham virado as costas, vejo o mesmo grupo, composto por 4 rapazes e 2 raparigas, debruçados sobre os caixotes do Lixo.
Nem queria acreditar, parei expectante para ver o que acontecia, para confirmar se estavam a deitar lixo fora, ou se estavam a fazer realmente aquilo que me parecia que estavam a fazer.
Ora, a realidade dos dias de hoje é esta mesmo, não adiante fugir-lhe ou escondermo-nos atrás das portas, das persianas e dos cortinados.
Há fome, há desespero e existem brigadas organizadas de recolha de lixo orgânico.
O grupo trazia consigo sacos de cartão onde rapidamente começaram a colocar alimentos que faziam já parte dos desperdícios do meu prédio.
Subi lentamente os 13 andares que o elevador do meu prédio percorre até me deixar em casa, a pensar na crítica situação que acabava de presenciar e só me vinham ideias tristes à mente, mas no meio de tudo, aparece-me à mente o pensamento altruísta e solidário de um dia vir a ser muito abastado para ajudar aqueles que passam por tamanhas dificuldades..
É de facto um sinal dos tempos em que vivemos, dos tempos que atravessamos e é bem possível que seja apenas o começo, assim sendo, talvez não seja mal pensado, rever os prazos de validade dos produtos que vamos consumindo, pois talvez não seja má ideia fazer um esforço para percebermos o que vamos mandar fora, e tentar manter o mínimo de assiduidade no saco do lixo.
No teu lixo pode estar a riqueza de muitos outros.
Vale a pena pensar nisto

26 de março de 2010

Nem tudo o que vemos é FEIO

Longe vão os tempos da inocência infantil, que faziam de nós, mais que simples Eus, seres capazes de sermos surpeendidos constantemente, pelas mais hilariantes e recambolescas histórias que nos eram contadas.
A Infância marca o período mais belo que o ser humano vive, no que diz respeito a tudo o que lhe passa pelos olhos.
Os olhos de uma criança visualizam coisas que nenhum outro ser humano tem a capacidade de conseguir ver.
Reside nesse olhar a capacidade fantástica da surpresa, a magnificiente falta de controle e de noção da realidade, que permite ao seu pequenino e inocente cérebro, descodificar mensagens que à partida podem vir carregadas de maldade, mas que perante os seus olhos, são apenas mais um bloco de imagens, que provocam sorrisos de espanto, de admiração, de fantasia, de sonho, de encanto, de felicidade e novidade, pois, o mundo que vêem, é exactamente aqule que lhes permite criar na mente as primeiras concepções de mundo, na verdadeira natureza dessa palavra.
Contudo, quando me atrevo a falar na natureza da palavra Mundo, acanho-me por constatar que de facto julgamos ter o domínio da sabedoria e da sapiência, e que podemos qualificar verbalmente tudo aquilo sob o qual colocamos o nosso olhar, mas no entanto, não somos mais que pequenas crianças, porque as imagens que já vimos e com as quais moldamos o nosso conhecimento, não deixam de ser obrigatoriamente, imagens que provocam sensações de forma tão básica e primária, quanto a que as crianças usam automaticamente, sendo que a diferença principal residirá, na capacidade que NÓS, pelo menos alguns de nós, temos de interpretar essas imagens, de as arrumar em gavetas semelhantes, onde já temos imagens parecidas, da mesma família.
Temos e DEVEMOS, acima de tudo, de ser crianças, de voltar a ser crianças, de recuperar essa vivacidade perdida, essa alegria contagiante, que faz os adultos sorrir, e dizer, é tão ingénuo, pois é, mas aprecia as coisas lindas da vida, ou melhor, para eles, quase tudo é belo, nada é Feio, a não ser os cócós dos cães, ou as amigas das avós.

24 de março de 2010

As ruas da cidade falam baixinho

São 23:30 de uma escurecida Terça-feira de Inverno.
Há já muitas horas que o Sol partiu.
Não sei mesmo se não se trata de uma parva suposição, esta que se me assemelha a um sonho.
Sonho que sonhei que hoje vi o SOL, mas não.
Não faço ideia de qual foi a última vez que o Sol visitou a tímida Lisboa, para com ela se sentar à mesa e conversar um pouco.
O sol, tal como os Portugueses, virou as costas a Lisboa.
Corre o ano de 2010, Lisboa, já não caminha sobre os seus pés, mas sobre umas lagartas de um qualquer Tanque que o exército nunca usou e então, mui gentilmente, resolveu doá-los à Capital, na esperança, que desta forma, Lisboa fosse capaz então de passar por cima de todos os obstáculos com os quais se depara no seu triste e escurecido viver.
Mas o tiro saíu pela Culatra, nesta expressão tão discaradamente sulista. Lisboa não só não andou sobre lagartas, como fez greve.
Saíu inclusivé em todos os jornais dessa manhã. Lisboa em Greve.
À primeira vista poderia tratar-se de uma qualquer partida de Abril, mas não, Lisboa não só fez greve, como recusou sentar-se em cima daquelas grotescas lagartas, que o gentil General de Mar e Guerra, embora ninguém saiba de que guerra e de que mar, fazem parte o senhor General.
Lisboa, fez aquilo que os lisboetas não tiveram a coragem para fazer.
Amotinou-se, manifestou-se, perdeu o medo, tomou umas pastilhas para a garganta, e gritou bem Alto:
Andar é um direito, a reboque nada feito.
Parou tudo.
Os semáforos, as bombas de gasolina, os candeeiros, os esgotos, o rio, as pontes, restaurantes...
Parecia uma acção combinada.
E foi.
Mas Lisboa fala baixinho, transmitem-se informações codificadas, à boa maneira Francesa, aquando da Invasão Alemã.
Os bolos sabem mal, os autoclismos não puxam, as pedras não rolam, os candeeiros, esses sim, motores da vida nocturna do Burgo, não acenderam, e Lisboa tremeu, estremeceu, olhou de par em par, sem uma única lâmpada a iluminar, e os que olham, a tentar adivinhar ou preocupados em encontrar a cintilância desaparecida, a luz amorfa, mas apenas encontraram uma cidade regressada ao século XVIII, e á calmia noctívaga das lamparinas e dos candeeiros a petróleo, ou simplesmente velas e fósforos.
Foi impressionante subir ao Castelo de São Jorge, às apalpadelas, e ver uma cidade mantida à luz das velas, ou á desordenada iluminação das Lanternas tremelicantes.
Imaginem se assim fosse, se Lisboa se apagasse a cada noite que passasse, e se novamente se acendesse a cada manhã que vivesse.
Lisboa falaria por certo baixinho á noite, para não acordar quem descansa, e de manhã pediria aos galos que não cantassem, para que a cidade despertasse suavemente.
As ruas de Lisboa, essas sim, inromperam num silêncio ensurdecedor.
A noite trouxe consigo, o silêncio abrupto a que ninguém estava indiferente.
Foi como se pela primeira vez em séculos, Lisboa tivesse pedido descanso, o descanso que merece.
Quem atura o que esta cidade atura, quem passa pelas atrocidades que Ela (em maíusculas, porque Lisboa é sagrada) passa, merece sem dúvida umas férias de quando em vez.
Lisboa, não tem férias, não recebe o subsídio, nem o rendimento, como tal, trabalha sem folgas, de Sol a Sol, mesmo quando o Sol não aparece.
Assim, descansa Lisboa, deixar-te-emos dormir descansada, para acordares mais animada.

19 de março de 2010

Deixa lá, isso passa

2 x 2 são 4, 4 x 4 são 16.
Queres falar sobre isso?
- Epá, não me chateies.
Está bem.
Quão difícil será explicar a alguém, a magnitude daquilo que sentimos?!
Há o medo da exposição, a vergonha de dizer aquilo que se sente, de eventualmente nos sentirmos fracos, frágeis, desprotegidos, perdidos...
Pior ainda, há sem dúvida o pensamento comum, que atira com a força de uma pedrada a estranha máxima de que ninguém tem nada a ver com os problemas que temos, e que apenas a nós nos dizem respeito, que não temos nada que estar a incomodar os outros com as nossas insignificantes maleitas.
Assim sendo o que pensamos em primeiro lugar?
Isto acaba por passar, não é nada de muito importante.
ERRADO, nada está mais longe da verdade.
Normalmente somos os melhores conselheiros dos outros e os piores amigos de nós mesmos, na medida em que estamos sempre disponíveis para ouvir os outros e nunca temos tempo para nos ouvirmos a nós mesmos, empurramos os problemas para o fundo da memória.
Lamentavelmente, quando a memória enche e o espaço para resolver o que até há pouco tinha solução, se preenche por completo, então está o caldo entornado.
PorquÊ?
Porque somos estúpidos o suficiente para não aproveitar a ajuda, de quem nos quer ajudar.
Não é nem nunca será boa política, não sermos amigos de nós próprios.
Como dizia um dos anúncios mais felizes que vi, "Se eu não gostar de mim, quem gostará?"
Nada mais acertado.
Se não gostares de ti, se não te preocupares com aquilo que te faz falta, e com o que não te faz falta, os que te rodeiam irão fazê-lo, mas a certa altura cansar-se-ão desse papel, porque tu não fazes nada por ti, logo passar de um caso complicado, para um caso arrumado.
Assim se pode destruír uma vida, a nossa vida.
O pior de tudo, é que não tens muitas hióteses para voltar a tentar.

16 de março de 2010

Acreditar que Querer é poder.

A vida dá voltas e mais voltas, e por vezes voltas à vida e volas exactamente aos locias onde já viveste vidas nas vidas que conheceste.
Os meios tecnológicos. Ai essa maravilha do mundo moderno.
Permitem-te reviver as vidas que já viveste, com a simplicidade dos cada vez mais habituais "Clicks" da nossa existência.
Encontrar, descobrir, relembrar, sorrir, aprofundar, reatar, construir, marcar, agendar, subir, descer, guiar, chegar, instalar, poisar, levantar, gritar, acender, apagar, mergulhar, secar, cantar, gritar, saltar, dançar, conquistar, beijar, abraçar, SONHAR...!
Torna-se tudo mais fácil.
Encontrar-vos foi fácil, foi rápido, levou um tempito, mas nada de mais, nada pelo qual não se possa esperar..
Quando dei por mim, estava a conversar com gente, com "muita e boa gente" que não via, em alguns casos é mesmo, que não vejo, há mais de 15 anos.
Tudo graças ao fantástico fenómeno das redes sociais, ao qual se juntam as emoções da MUITO BOA GENTE, que tem, tal como eu, sentimentos idênticos relativamente a todas as sensações, uniões, relações, confusões, emoções, estaladões, apalpões, trambolhões...
Gente que sente que faz parte de um mundo, que não foi esquecido, que não foi perdido, que foi sendo mantido à custa de persistÊncia, coragem, vontade, e sobretudo, à custa de toda a parafernália de sentimentos que cada um de nós manteve vivos e bem presentes dentro do recôndito recanto da alma, onde fomos guardando bem protegidos, os maravilhosos momentos que vivemos, nos campos de férias pelos quais passámos.
A todos os que mantiveram a luz acesa, aos que guardaram em local bem visível e com pouco pó, as fotos de uma infância, adolescÊncia partilhada, as férias mais que marcadas, e as vidas mais do que ligadas, amarradas... Um grande bem haja,...
Em cada beijo em cada abraço, sou procurado sou... FORA DA LEI,,,,
Sou um Bom elemento isso sim, todos vós a quem prego são melhores, porque se mantêm conscientes do real valor que na verdade significou terem sido parte de um mundo, de uma vida, de uma cosntrução simbólica e sentida, que parece cada vez mais perdida, na crueldade que sentimos no mundo em que hoje vivemos, que é bem diferente daquele que um dia conhecêmos.
A todos.
Obrigado.

15 de março de 2010

A tua vida, é só tua, a dos que te precedem, não te pertence

A tua vida é exclusivamente tua.
Pelo menos assim deves pensar a partir de determinado momento.
Ultimamente tenho sido assolado por variadíssimos dilemas morais e existenciais, que me toldam e enevoam a capacidade de raciocínio limpo, claro, crú, despido de ideologias utópicas e surreais.
Sei-me como uma pessoa devota à família, àquela que foi a minha realidade durante tantos anos, e que numa fase em que se montam vagarosamente na minha mente, cenários de despedida, de contrução de uma nova realidade, de construção pessoal, solitária, que terá de ser vencedora, pois é essa a única forma que conheço para traçar objectivos e metas, sinto agora um receio enorme pelo destino das coisas que deixarei, não para trás, mas para o lado.
O futuro do meu sangue assume-se como uma preocupação central, mas que tem de necessariamente ser posto de lado.
Tenho um grande, 1.95m, conselheiro, com quem costumo debater estes problemas, esse enorme conselheiro, faz-me ver as coisas de um ponto de vista mais translúcido, na medida em que o ecrã através do qual ele vê a minha realidade, está sintonizado noutro canal, e pode fazer zapping tranquilamente, pois vê apenas a realidade no ecrã, o que lhe permite uma análise mais racional, fria, desvinculada, e ao mesmo tempo, de uma coerência notável e de uma imparcialidade necessária.
É sem dúvida um período crítico na vida de qualquer jovem adulto, a cisão fixada dos cordões e nós pós umbilicais, que nos ligam aos nossos pais, mais precisamente à minha Mãe, mas que tem de ser encarada, ainda que isso pareça quase impossível nos dias de hoje, copmo algo natural.
A família olhará sempre para nós com olhos de orgulho, de carinho, de acompanhamento, mas esse deixa de ser exaustivo, a bem da saúde mental de ambos.
Não serei o único a sentir esta ansiedade, mas espero ser útil na medida em que penso, que a naturalidade do olhar, deverá ser superior à ansiedade do deixar de estar, que não significa, longe disso, deixar de ter.
A vida é só uma, e cada um deve viver a sua, e não a dos outros, não somos pais dos nossos pais, nem pais dos nossos irmãos, devemos ser sim EXEMPLOS para todos eles, referências, focos de orgulho e análise de percurso, sabendo que na eventualidade de tropeçarmos pelo caminho, temos sempre quem nos dê a mão.
Deixemos de ter este sentimento tão latino, de dificuldade em largar as saias da mãe e os ombros do pai, no caso de quem tem os dois, mas perfeitamente adequado a quem conta, seja por que circunstâncias forem, com apenas um deles, porque é essa incapacidade projectada e não real, que acaba tantas vezes, em histórias de insucesso e de infelicidade para ambas as partes envolvidas nestes acordos de sangue.
A vida é tua, só tua, tu fazes as tuas escolhas, segues o teu caminho, não podes seguir o dos outros, nem deixar que sigam o teu por ti, serás eternamente manco se o ousares fazer ou simplesmente tentar.
Luta, por ti.
Vive, para ti.

12 de março de 2010

O poder é teu. Se deixares, pode ser nosso

O poder é teu, sempre teu.
Quem decide aquilo que fazes?
Pensa bem antes de reponderes imediamtamente a esta pergunta. Dou-te este conselho de borla, porque ele vale tão pouco se não lhe prestares atenção.
Mas no fundo se parares um pouco antes de dares corda ao pensamento, se deixares que a razão seja atempadamente travada, pela percepção que deves ter algo mais do que a razão, no final da preciosa reflexão, perceberás que tenho efectivamente, alguma razão.
Então, vamos por partes.
És tu que decides sempre aquilo que fazes, mesmo quando não fazes alguma coisa, por achares que não podes, ou porque não te deixam.
Se não podes ou não te deixam, foi porque numa primeira instância, pensaste e decidiste que querias fazer algo, que não dependia totalmente da tua vontade, lá está tiveste o poder de decidir.
Depois decidiste, mesmo sabendo que provavelmente seria difícil alcançares o teu objectivo, confrontar o poder decisor com a tua vontade, pelo que tens de aceitar de peito abero as consequèncias da tua decisão.
Isto é apenas uma amostra.
À medida que cresces, apercebes-te que cada vez mais controlas os teus caminhos, e passas por eles com a majestosidade de quem tudo pode, menos aquilo que não pode.
Não poder é bem diferente de não te deixarem fazer.
Quando és crescido, percebes que só não podes fazer aquilo que não queres fazer, porque quando o queres fazer, arranjas sempre maneira de poder, nem que para isso tenhas de deixar de poder fazer outra coisa qualquer.
O poder é, todavia, uma coisa ambígua, mas é nessa ambiguidade que reside toda a sua força.
Vejamos, ter o poder de decidir, é um expectro libertino, que muita gente não conhece.
Não poder, ou melhor não tero poder de querer, é como estar preso.
Até um bebé tem poder desde cedo.
Quer comer, chora, e alguém lhe enfia alguma coisa pela guela abaixo, tem cocó, grita e alguém lhe vem limpar a fralda, por aí fora.
Quem vive desprovido de qualquer capacidade de poder, vive desarmado, vive condenado, não vive, está já enterrado ou de funeral preparado.
Luta! Porque queres e acima de tudo, PORQUE PODES!!!!!
Se fizeres por isso, o poder passa de mim para ti, de ti para mim.
Deixa de ser uma coisa minha, tua, dele, deles, passa a ser NOSSO!

11 de março de 2010

Sou bem mais do que fui, bem menos do que serei

O homem. Eu como Homem.
O menino que ainda sou, vai crescendo a cada dia.
Envolve-se em sonhos, projectos, trabalhos, procuras, descobertas, mais sonhos que adia.
Mas o menino que fui por completo, vai gentilmente dando espaço e lugar ao crescimento imperativo do Homem que assenta ideias, que vê para além daquilo que escreve nos joelhos, dos sonhos que tem quando se vê ao espelho.
Crescer nunca foi para ele um processo fácil, uma construção idealizada e calma.
Sempre viu nas tormentas da aprendizagem interior, um caminho de construção acelarada, a que tantas vezes não conseguia dar a resposta que desejava. Perdeu-se tantas e outras vezes em deambulações permitidas, buscando unicamente as respostas para as perguntas que colocava a si mesmo, ou que o mundo insistia em lhe atirar de chapa.
Lá foi caminhado, em certas alturas de forma mais lenta, noutras correndo desenfreado, mas caminhou, sempre, lutou, crente do que estava a fazer, contente por estar a conseguir alcançar algo a que se havia proposto faz muito tempo, a liberdade, a independência, o pensamento livre e desembaraçado, formado e sustentado por ideias complexos, mas simplesmente transmitidos e contados na 1ª pessoa, capazes de contagiar os que em seu redor poisam e ouvem o que tem para dizer.
No fundo, a essa prática se prende algo que invocou durante tantos anos, a Oratória iria dar-lhe, mais tarde ou mais cedo, mais tarde que cedo, a capacidade de falar, de prender a atenção das pessoas que se calam para o ouvir.
Não que as remeta ao silêncio, ou que as force ao cerrar dos lábios, mas porque aquilo que teria para dizer se assumia como algo de interesse comum, ao homem invulgar.
Respeitando as regras convencionais, e os moralismos adjacentes ao pensamente construtivo e congruente, depressa se apercebe do poder que tem.
Consegue fixar em si, olhares, ouvidos, ideais, sentimentos reais e até aqueles que os que o escutam tÊm medo de sentir.
Assim vive, vai viver, e tentar que os que outros vivam.
Assim será, bem menos do que já foi, e bem mais do que já é.
Vale a pena acreditar, só custa é tentar. Nem é o tentar que custa, mas sim o fazer que assusta.

10 de março de 2010

Quantas formas tens tu ó Liberdade?

De noite e só de noite, Miguel gosta de sorrir. Todos lhe reconhecem a estranheza da personalidade, mas nenhum a qualifica como ruim ou maldosa.
Miguel é gentil, é amavel, cavalheiro, educado.
È sério, mas não é sisudo, tem um apurado sentido de humor, mas simplesmente só gosta de sorrir à noite.
Que mal tem isso?
Segundo muitos, tanto. Segundo eu, nenhum.
Miguel tem todas as condições naturais e apreendidas, de uma pessoa fantástica, mas não sorri.
Durante o dia não consegue sorrir. Não se trata de não gostar das pessoas com quem lida, de não as prezar e estimar, mas o mais comum dos coniventes, com a situação em que vive o nosso mundo, dirá o contrário.
Dirá, nas costas de Miguel, sem que este o ouça, talvez por achar que dizer mal de Miguel, é, no seu todo, uma ideia ridícula, na medida em que a única coisa que tem para lhe apontar, é que ele não sorri de dia.
Quem pode ser tão turvo, tão ofuscado como o condutor adormecido, que abre os olhos para os fáróis que vê a 200 metros, mas que imagina estarem a 10, e guinam o carro para o vazio, quando ainda tinham tanto tempo, mas também ele, cometeu um erro crasso, o de julgar. Julgar mal.
Ora se eles são livres por o julgarem, tanto o Miguel como eu próprio, somos livres, de os contrariar, e acima de tudo de os ridicularizar em público, mas de forma estupidamente educada.
Pois bem. Acontece que o sentido de humor de Miguel, era extremamente afinado, e estava calibrado com uma dose tão suave de veneno, que anestesiava com gargalhadas mansas, os ouvidos de quem o escutava e se perdia de riso, tudo isto sem que Miguel mexesse mais do que dois músculos da face.
Os seus amigos elegia-no como o mais temível dos troçistas, o mais audaz dos gozões, o mais inteligente dos parvos, mas Miguel, não era mais do que um gajo, que tenta ser ele próprio, agir de acordo com tudo em que acredita, vive de acordo com tudo aquilo que aprendeu, trasnportando as regras, os valores, os deveres, para o quotidiano.
Miguel luta diariamente contra tudo o que o impele a não ser Miguel, a não ter a sua forma, a ser outro, que não o portador do seu código genético.
Mas isso, não afecta em nada os deveres a que está obrigado.
Miguel é exemplar, é magistral na sua profissão, é visto como um exemplo, age como se estivesse sempre no mesmo local, acompanhado por todas as pessoas que conhece, como se estivesse sempre rodeado daqueles que mais gosta, e conseguisse contagiá-los a todos da mesma forma, com a mesma simplicidade dos actos que aqui descrevo.
Esse é o objectivo que traçou para o seu existir na triste realidade que hoje enfrentamos.
Empregos precários, despedimentos colectivos, trabalhos temporários, reformas miseráveis, trabalhar até aos 120 anos, empréstimos sucessivos, já mencionei os trabalhos temporários? ok, trabalhos temporários, não querendo parecer exaustivo, mas é de facto um iten indispensável a esta lista.
As pessoas deixam diariamente de ser quem são, para serem apenas mais uma pessoa, mais uma parcela de uma tarte gigantesca, com centenas de Kilómetros de diâmetro. Deixamos de ser o que queremos ser, para passarmos a ser aquilos que os outros querem que sejamos, para pensarmos como os outros querem que pensêmos, depois em casa, entorna-se tudo, porque as personalidades frustradas, tentam ou não, inverter a situação, e o extremismo nunca dá resultados positivos.
Miguel é o mais feliz de todos os seres humanos com quem coahabita e coexiste na sua vida, é como quer ser, age como acha que deve agir, pensa pela sua própria cabeça, e sorri de noite.
Porquê? Porque de noite, consegue achar graça a tudo o que viu os outros fazer durante o dia.
Às histórias que ouviu, às discussões a que assistiu, aos mexericos que conheceu, aos conselhos que um deles lhe deu, tudo é extraordinariamente engraçado à noite. Não é Miguel? É que à noite, ele tem mesmo de estar bem disposto, pois só isso o permite ter uma vontade enorme de acordar no dia seguinte, para ter de ver mais do mesmo, e permanecer livre. Acredita que se conseguir fazer com que, as pessoas que lhe são mais chegadas, pensem como ele, a coisa pode melhorar, porque quem assume esta atitude perante a vida, tende a conseguir fazer-se ouvir, e muitas vezes bem mais do que isso, consegue fazer-se repwtir
Pelo menos, é livre. Como?
Em todas as formas de liberdade que se possam procurar. Miguel, é o primeiro nome no seu cartão de cidadão, mas também é o nome que salta dos seus olhos, é um nome que quem pronúncia, sabe perfeitamente aquilo que em primeiro lhe surge no pensamento, quando pensa em Miguel.
Um sorriso. Um sorriso nos lábios, é o que acontece a quem pensa em Miguel. Curioso não é?
Em especial, porque a maioria daqueles que sorriem quando pensam em Miguel, sejam homens ou mulheres, são aqueles que, que queiram quer não, nunca o viram sorrir.
Estranhas as variadas faces, as múltiplas formas de se viver em liberdade.

LER, mas o quê?

Ontem, em conversa com um amigo meu, tive a magnífica e egocêntrica supresa de saber, que ó único material escrito com o qual ele contacta, ou melhor, e vamos lá a ser exactos ao falar deste tipo de informação, o único material escrito que ele procura na WEB, são os textos humildemente publicados neste espaço de ignorância e eloquência, em que me atrevo a escrever, com a legítima esperança de ser lido.
Ora, se encontro alguém que me diz, que a única informação escrita que procura na net são os meus textos, obviamente que tenho de sentir um contentamento ligeiro, por ter, pelo menos, um fiel seguidor.
Também sinto uma enorme responsabilidade por saber agora, que tenho um fiel seguidor, que pode também transformar-se rapidamente num fiel inquisdor, ou num fiel crítico daquilo que irresponsavelmente me atrevo a escrever.
Se no meio de tantos milhares de páginas, blogs, motores de busca, posts e por aí fora, ele decide e elege o MEU BLOG, como espaço predilecto, para se distraír e acima de tudo, e o mais importante, se me elege como ponto de interesse, ao qual está disposto a "desperdiçar" o seu precioso tempo, a irresponsabilidade textual terá de dar lugar a uma responsabilização pessoal e a uma capacidade de perceber que aquilo que estou a escrever, está agora constantemente sujeito aos olhos da crítica, e à tenacidade do comentário com que o meu fiel leitor me poderá brindar.
Acima de tudo, deixo a promessa de tentar contribuir para que ele continue a seguir-me, esquecendo a amizade que nos une, e apelando ao seu sentido crítico e à sua curiosidade textual.
Assim, se eu conseguir de alguma forma incentivá-lo a ler, a ler mais, a querer ler muito, a aperceber-se de que quanto mais lê, mais sabe e que quanto mais sabe, mais quer saber, e quanto mais quer saber, mais vai querer ler, daqui a pouco tempo, estarei com toda a certeza habilitado a perder um leitor fiel, diário, mas a dar ao mundo, mais um leitor interessado, motivado e desejoso de mais informação, se tal acontecer, o orgulho será ainda maior, a satisfação idem, e a vontade de continuar a publicar babuseiras, só conhecerá como limite, a minha capacidade motora de articular ideias, com a velocidade do meu teclar.
Obrigado João Pedro.

Em tempo de paz, o que se fazem às armas?

Ora pois bem, vivemos num tempo de suposta paz, tranquilidade, descanso, as guerras são lá longe e alimentadas pelo grande glutão, o super monstro do jogo PACMAN, que papa tudo, um autêntico Sebastião. Como tal, manda o ditado, que em tempo de guerra se lavem as armas...
Ora pois bem, armas, não temos, pelo menos aquelas armas convencionais que atédisparam balas, e podem mesmo ferir ou matar quem por elas é atingido...
As nossas armas são outras.
Ele é o implacável Segredo de Justiça, o fantástico processo CASA PIA, são as obras no Terreiro do Paço, os desabamentos na CREL, as cheias no Tejo, o BULLYING, os deslizamentos de terras na CREL, as pavorosas e inquantificáveis Crateras que povoam as estradas de Lisboa, as Portagens das SCUTS no norte do país, resumindo, temos um poderosíssimo exército, capaz de ferir de morte qualquer uma das potÊncias mundias que ousem enfrentar-nos ou ameaçar-nos com qualquer subida de impostos, não cumprimento de défices, ou seja lá o que for...
Actualmente o país vive completamente ofuscado pelos "brilhantes resultados desportivos" da sua equipa mais POPULAR e POPULISTA equipa de Futebol. Tudo o resto parece passar ao lado, ou melhor, tudo o resto é posto de lado, o que interessa é "que o Benfica seja campeão, o resto é merda!", como tal, assim se vão passando cada vez mais situações estranhas, a que ninguém liga nenhuma, apenas os mais desligados dessa grandeza política, a que chamaram um dia Sport.Lisboa e Benfica, pensam nos problemas do país...
Ora, os arruamentos completamente danificados e assassinos, que têm provocado um número grotesco de furos nos pneus dos automóveis dos Portugueses, passam assim completamente incólunes, e quem se lixa?? é o Transeunte que não tenha a perícia de um Carlos Sainz, que lhe permita desviar-se de 22000 buracos diários, sem bater, nos carros que seguem nas outras faixas, nas motoas, ou nos peões que atravessam as vias...
Enfim, Portugal vive em estado se chato, e não em estádo de sítio.
Limpem as panelas e tomem mebocaína, que vêem aí tempos de manifestações de voz e batimento de panelas...
Quem é que manda aqui afinal...?
Em tempos de paz, já temos o que fazer às armas.

8 de março de 2010

Odeio a doença

Doença - (do latim dolentia, padecimento) é uma condição anormal de um organismo que interfere nas funções corporais e está associada a sintomas específicos.[1][2][3] Pode ser causada por fatores externos, como outros organismos (infecção), ou por desfunções ou malfunções internas, como as doenças autoimunes. A patologia é a ciência que estuda as doenças e procura entendê-las.
Resulta da consciência da perda da homeostasia de um organismo vivo, total ou parcial, estado este que pode cursar devido a infecções, inflamações, isquémias, modificações genéticas, sequelas de trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções orgânicas. Distingue-se da enfermidade, que é a alteração danosa do organismo. O dano patológico pode ser estrutural ou funcional.
O médico faz a anamnese e examina o paciente a procura de sinais e sintomas que definem a síndrome da doença, solicita os exames complementares conforme suas hipóteses diagnósticas, visando chegar a um diagnóstico. O passo seguinte é indicar um tratamento
Ora então aqui está o porquê desta minha comunicação a quem tiver o azar de se lembrar de vir espreitar o meu lixo comunicacional.
Estar doente é algo que, acho absolutamente abominável, na medida em que é uma condição a que não estou minimamente habituado.
Se há doença que me irrita, é a constipação miúdinha, aquela que nem sequer tem tempo ou idade para ser verdadeiramente uma constipação, mas que apenas difere da constipação nesse ponto, e noutro deveras importante, que é a abençoada (não sei bem por quem) ausência de alteração da temperatura corporal, vulgo FEBRE.
Assim, estou doente, porquê?
Porque estou constipado.
Mas tens febre?
Não.
Ha, então não tás doente..
Pois não, tás tu.
E pior destas estúpidas constipações, são sem dúvida as carradas de litros de MUCOSIDADES, que expelimos pelas vias nasais.
O som de alguém a assoar-se nunca me fez confuisão, até achava ligeiramente engraçado, agora o som ininterrupto de eu próprio a assoar-me é verdadeiramente diabólico e irritante.
Quase que tenho de acartar com um balde de casa, à Real Lavrador, para deixar escorregar do nariz o ranho que me cai involuntariamente.
Meto-me NOJO.
Estou doente.
Estou farto.
Sobretudo de andar a pedinchar os tão simpáticos, "lencinhos de papel", que toda a gente tem, mas que curiosamente, as pessoas que andam sempre munidas desses artefactos fantásticos, nunca estão cosntipadas, ou seja, são autÊnticos bons samaritanos sarcásticos, que carregam com eles lenços que no fundo, servem para troçar de quem escorre água pelo nariz.

5 de março de 2010

BULLYING

A grande maioria de nós que tem um cérebro pensante, que foi tantas vezes catalogado como, MARRÃO, CROMO, MENINO, BETINHO, passou por situações que agora são alegremente empacotadas no estigma do BULLYING.
Ora, esses cobardes nojentos, que condicionam a vida daqueles que tÊm o "AZAR" de ter uma vida familiar tranquila, que são acarinhados e protegidos pelos seus pais, ou familiares directos, que gostam de ter boas notas na escola, que não se interessam por andar À PORRADA nos intervalos, que gostam de jogar futebol, que não roubam o dinheiro do lanche a ninguém, não passam disso mesmo, de COBARDES NOJENTOS.
Muitos deles não têm a totalidade da culpa, que deve ser distribuída pelos pais, e sobretudo, agora vão indignar-se alguns, pelos professores.
Todos sabemos que, nos dias de hoje, as crianças e adolescentes passam 70% dos dias fora de casa, mais precisamente nas escolas.
Ora, se isto é assim, e toda a gente sabe que isto é assim, tem de passar pelos professores, a missão de falar sobre estes acontecimentos, dentro e fora das salas de aula. As escolas não se podem limitar a castigar, com processos disciplinares e suspensões, os agressores, que acabarão por aumentar os seus níveis de revolta, de raiva, pepretuando-se assim o sentimento de marginalização e potenciando-se vidas problemáticas, auto-estradas para os estabelecimentos prisionais, decadência, vidas fugazes, passadas ao serviço do crime, do desacato, da VIOLÊNCIA!!!
Têm de ser criadas alternativas nas escolas, tem de se administrar formações neste tipo, não só para professores, mas também para todo o pessoal não docente.
O professor não se pode refugiar na sua posição e ficar fechado na sala ou no gabinete de professores nos intervalos.
Como parte integrante da escola, da sua orgÂnica, o professor pode e DEVE passear pela escola, tornar-se um elemento preponderante na vida dos seus alunos, com quem passa mais de metade dos seus dias úteis.
Fechar os olhos, ou olhar para o lado enquanto se assobia, e depois ligar às televisões quando acontece alguma coisa de grave, não é de todo a solução.
Mais casos como o de Mirandela irão apareceer, e se somos capazes de ser tão solidários, como o fomos agora com a MADEIRA, vamos então ser solidários com a coisa mais importante que temos na nossa sociedade, que são os homens e mulheres de amanhã, O FUTURO.
Vai levar tempo, mas se não se fizer absolutamente nada, este tipo de casos vão continuar a acontecer, crianças em tenra idade, vão desenvolver depressões, fobias, medos, e o pior é que muitas delas, vão acabar por viver toda uma vida rodeadas de medo, de depressões, de desconfiança, de AUTO ESTIMA nula, de terror interno, de descrença perante a sociedade e de incompreensão quanto ao sentido da vida, e em situações de desespero, como é aquela que lentamente se vai apoderando do país, tomam atitudes trucidantes e desmedidas...
ATENÇÃO PORTUGAL, cuida do que está MAL, ajuda-nos a ajudar-te!!!!

4 de março de 2010

Maria sofria de Amor



Ele diz que sim, que não, que talvez seja então, uma palavra ou simplesmente um adorável pregão de mercado.
Maria tinha 22 anos naquele dia, nem mais nem menos, nem ao menos mais do que tinha anteirormente, no dia que antecedeu, o último dia em que viveu.
Sempre fora uma rapariga diferente, estranhamente bela, estranhamente intelegente, naturalmente estranha.
Dormia mais do que a conta, contava mais do que sabia, sabia mais do que dizia, em todas as noites em que não dormia.
Assim era Maria, mais quente que fria, mas doce que a amarga azia.
Ora nesse dia, Maria saíu cedo, mais cedo do que era habitual. Deu uma justificação normal, nada que fizesse questionar, o vulcão de atrocidades que Maria estava a preparar no mais recôndito recanto do seu fugaz e trucidado pensamento.
Saíu de casa ainda cedo, mais cedo do que nos outros dias, mas quem sabe o que iria fazer Maria?
Nada de grave se pensaria.
Maria sofria de Amor, e então? Que mal tem? Quantas e tantas Marias sofrem todos os dias, iguais desventuras amorosas, sem nunca serem penosas, somente sofrem em silêncio, riem por vezes chorando, não sendo o seu desgoto tão brando, quanto a dor que têm de viver, sem nunca o amor conhecer.
Maria vagueou por Lisboa, sem nunca olhar para ninguém, caminhou caminhando segura, de que era chegada a altura, perfeita por ventura, para deixar então de viver.
E nada a iria demover.
Tratou de tudo o que tinha pendente, não foi a nada indiferente, sabia que ia morrer.
Esperou pela tranquilidade da escuridão que a noitelhe trazia, era este o deleite de Maria. Sorrir na noite mais fria, sorrir mais do que de dia, sorrir por se sentir MARIA, e não outra mulher qualquer.
Comeu um peixe de rio, jantou à beira da Água. Escolheu um daqueles restaurantes na marginal, na confluência entre as àguas do Tejo, e os cabelos finos do Oceano.
Tinha escolhido a forma mais perfeita para morrer: O SALTO PARA LIBERDADE ABSOLUTA, iria saltar da ponte 25 de Abril, podia vê-la de onde comia.
Comeu de tudo, e mais alguma coisa. Foi sózinha e ainda assim conseguiu fazer uma conta de 68 euros e 46 cêntimos.
Presunto com Ananás de entrada, seguida de uma sopa de peixe. Bebeu um Dão, Reserva de 1991, em seguida, Cherne no forno com uma fantástica guarnição e molho de manteiga de Ovelha. Terminou com uma sobremesa fantástica e um digestivo poderoso. ArDbeg, o fenomenal Whisky Escocês.
Pagou a conta, desfeita em sorrisos, seduzindo da forma mais óbvia o empregado de mesa, que estava prestes a ter uns 20 minutos seguintes do mais alucinante que alguma vez imaginara.
Fábio, 23 anos, trabalhava ali há algum tempo, tinha empenhado todas as suas forças e argúcia naquele emprego e era agora, responsável pelos vinhos.
Ela chamou-o sem falar, ele seguiu-a até à zona do WC, ele olhou por cima do ombro, ninguém repara na sua pausa, ela entrou na casa de banho, deixou a porta aberta e convidou-o a entrar.
Assim fez, assim que entrou, foi de imediato atacado, despido, violado por Maria. Foram 20 minutos de um prazer SELVÁTICO, entre orgasmos múltiplos atingidos com uma facilidade de morte, Maria baixou a saia, puxou as cuecas e saíu, nem chegou a dizer o seu nome, ao incrédulo Fábio.
Dirigiu-se para Alcântara. Eram os últimos minutos da sua vida. Ela sabia-o, mas mais ninguém o adivinhava.
Os segundos que passa no semáforo que permite a inversão de marcha no início da Avenida de Ceuta, são gelados como o Inverno Siberiano, não fala, desliga o rádio, escuta o motor do seu carro, que em breve gritará pela última vez.
Sente os pés a gelar, o pulsos a perderem o seu batimento, está prestes a tomar uma decisão que será irreversível.
A decisão já há muito que foi tomada, o passo em frente será sem dúvida o mais difícil de dar.
Pára o carro naquela espécie de berma, onde costumam estar os perspicazes agentes da brigada de trânsito, nas manhãs de Verão, nas manhãs em que o tabuleiro da ponte se enche invariavelmente de autocarros cheios de crianças que vão para a praia.
Pára o carro, fuma um cigarro, olha para a Lua, a noite é sua, respira fundo. Deixa o telemovel em cima do banco, escreve uma mensagem de despedida, grava-a no telefone, sabe que irá ser encontrado.
Não quer despedir-se de ninguém, mas acredita que alguém poderia ter querido despedir-se de si.
Caminha apressada, pois não quer ser travada na sua missão.
Chega ao tabuleiro, os carros que passam não percebem o que faz, nem a vêem sequer. Por fim está já pendurada, do lado de fora, pronta, há um carro que a vê, felizmente está no sentido oposto.
Num momento que marcará a vida daquele condutor, olha por cima do ombro, funde os seus olhos com os olhos dele, sorri, ele trava bruscamente! Ela salta.
Ele viu-a partir sem nunca a conhecer, apaixonou-se sem chegar a perceber, o que levou aquela mulher a decidir-se por Morrer.
Maria não viria a ser encontrada, foi pela corrente levada, para sempre se se fundiu, entre o Oceano o Rio, fez deles a sua morada.
Pobre desgraçada, Maria morreu frustrada, será para sempre lembrada, como uma mulher abeçoada, pela morte que a despiu.

3 de março de 2010

Lázaro levanta-te e anda

Disse Jesus a Lázaro: "Lázaro, levanta-te e anda."
Ao que consta, Lázaro levantou-se e andou dali para fora. Aliás, consta ainda, ou melhor, soube por fonte anónima, mas segura, falando em jornalistiquês, que Lázaro andou com tal rapidez, que nunca mais ninguém o viu. Andou, andou, andou, andou, correu uma maratona na Grécia Antiga, com um nome falso, não fossem os gregos reconhecê-lo. É que os gregos conseguem deitar a mão a tudo e mais alguma coisa. Lázaro safou-se porque na altura, não havia internet, interpol, nem jornais com a secção INTERNACIONAL, nem cruzamento de dados entre polícias, nem telefones, nem nada.
Ora isso é que era uma época do catano.
Portanto, Lázaro seguiu a sua vida, sempre a andar, a pé..
Também não tinha grande remédio, ou ia a pé, ou ia de mula, ou de burro, ou de cavalo, ou a nado.
Mas pensem comigo. Um indivíduo que passa anos estropiado das pernas, sem se conseguir mexer, todo atrofiadinho das articulações, e de repente consegue andar e correr, tal e qual como o faz o USAIN BOLT, porque raio é que haveria ele de querer andar em cima de um animal, quando as perninhas voltavam a funcionar, e por sinal, nada mal?
Se Lázaro fosse PortuguÊs, já estamos todos a ver qual era o destino do marialva.
Primeiro, assim que Jesus Cristo se aproximasse dele a dizer-lhe "LÁZARO, levanta-te e anda!", o gajo fingia que não era nada com ele, Jesus repetia a frase e ele olhava pelo canto do olho e respondia, "O que é que foi pá?!"
O Messias olharia intrigado e responderia, "Lázaro, levanta-te e anda!", ao que automaticamente LÁZARO responderia com um audível: "Schhhhhhhhhhh.. tá calado que eu tou a receber o rendimento mínimo, mas tu tás parvo ou quê? Deixa-me tar sossegado e vai ali ajudar o Zé Maneta, que o gajo, tá farto de comer com os pés!"
Assi, talvez seja um exercício de interesse mundial, saber como correu a vida daqueles que JESUS CRISTO supostamente ajudou, ou aqueles sobre quem incidiram os seus MILAGRES.
Será que mais tarde tiveram problemas de saúde, derivados de intervenções descuidadas e rápidas de mais?
Isto sim dava direito a uma comissão de inquérito, sabe-se lá onde, em Fátima ou no Cristo Rei.
Vale a pena não perder um segundo sequer a pensar nisto, deixem-no para mim, que só eu para me lembrar de parvoíces deste tamanho.

2 de março de 2010

A meia dezena

Eis que chego então aos 50 textos publicados neste espaço.
Seria talvez motivo para pedir uma garrafinha de um qualquer néctar de cor bordeaux, daqueles que se acredita ter sido mictado por DEUS vosso Senhor. O verdadeiro nectar divino...
Mas não. Servirá esta comemoração para imprimir neste meu espaço, um novo ritmo, novas tendências, novas ideias, novas formas, nunca esquecendo o motivo pelo qual comecei com esta "brincadeira" séria, a que dei o nome de o que dizes tu.
Escrever é sem dúvida um complemento fundamental da minha personalidade. Contar histórias é um propósito para o qual, acredito ter nascido.
Possibilitar a quem lê, uma viagem de circum-navegação, por entre palavras, frases, ideias, fábulas, cenários criados única e exclusivamente com esse fim, o de proporcionar a quem gasta algum do seuprecioso tempo a ler as enumerações, metáforas, comparações, criações, invenções e parvoíces que teimo em escrever.
Para se conseguir escrever, é preciso que se tenha em atenção, que vamos possivelmente ser lidos, por pessoas muito diferentes, a quem a mensagem vai chegar de formas igualmente distintas.
Este facto torna tudo mais delicioso, transforma a escrita num desafio, num objectivo e sobretudo, num exercício de adpatação de vocabulário, de enquadramento válido das ideias, de maneira a que possam ser facilmente compreendidos e interpretados, e que acrescentem algo mais `vida de cada um que tem o azar de ler aquilo que escrevo.
Sem medos, e com muito trabalho mental, seguirei em ritmo mais vivo, mais próximo, mais íntimo, e de preferência menos parvo...
Desculpem, este último ponto não vai de todo poder ser alcançado, porque a parvoíce e a idiotice, fazem parte da composição interna da minha pessoa, como tal, se querem ler coisas sérias, com fundo de idoneidade e com pretensões literárias de prémio Nobel, terão de se contentar em ler aquelas coisas fraquinhas que os nossos premiadíssimos autores escrevem...
Não são nada fraquinhas, lá está a minha anormalidade a entrar em erupção e a fazer brotar estupidez pela ponta dos 7 dedos com que me atrevo a dactilografar esta palhaçada.
Enfim, tenham esperança porque tudo isto vai melhorar.
os próximos 50 serão prova viva de que não passo dum pateta a querer divertir e tocar aqueles que me dispensam a atenção que peço.

1 de março de 2010

cresce

E a minha alma chorou,
Não foi, nem será fingimento,
Dizer-te que não mais aguento,
Este ardor que me domou.

Levavas preso o teu nome,
a uma flor que não sei.
Deixei uma lágrima, perdeu-se,
não sei mais onde a deixei.

Sem a tristeza enterrada,
para ti Eu caminhei,
dei nome ao nome que não sei,
Por fim, tive a cara lavada.

Lavei-a com cheiros de ti,
lavei-a sem lavar mais nada,
era cedo ou madrugada,
Quem sabe a hora a que te vi.

Sei que nasceu o meu sonho,
De olhos abertos dormi,
Cresce a casca ao medronho,
Explode o que sinto por ti

26 de fevereiro de 2010

Espero-te

Quero poder sorrir
Sorrir contigo em mente,
Nem me atrevo a pensar
Em sorrir para tanta gente.

Suporto a distância,
O frio no pensamento,
Não consigo calar,
Todo este contentamento

É ou talvez seja,
um contentamento descontente
Não quero que ninguém veja,
Por isso fecho os olhos,
E sento-me à tua frente

Deixas a meu lado,
Um qualquer algo que não percebo
Fico aqui sentado,
Sózinho e em segredo.

Espero por ti mais logo,
Ao caír do anoitecer,
Não me interessa se me afogo,
Só por ti quero viver.

Viverei o necessário,
para poder ver-te crescer,
Seja qual for o cenário,
Serei assim até morrer.

De morte pouco falo,
Por não querer dela saber,
Apenas quero que vejas,
O que me faz amanhecer.

O que dizes tu?

Ora então vamos lá devolver a este blog, a essência presente no seu título.
Ora o que venho aqui hoje expôr, é a triste constatação da realidade em que vivemos.
Nos dias de hoje, estou farto de ter cada vez amigos presenciais, e cada vez mais amizades mantidas apenas com o forçado recurso a "zingarelhos" tecnológicos, gadgets que permitem que possamos falar com os nossos amigos... que por vezes estamos anos e anos sem ver, mas que lamentavelmente, passamos a achar normal ter amigos com quem falamos apenas via, FACEBOOK, TWITTER, MESSENGER, ORKUT, IPHONE, 3G, HOTMAIL... por aí fora.
A essência do cara-a-cara desaparece a um ritmo gritante e alucinante, a impessoalidade e o embaraço esfumam-se, dando lugar a um reino onde tudo é permitido, onde a vergonha e a prudência se dissipam, e onde tudo é possível.
On line tudo é fácil, tudo é possível, tudo é VIRTUAL, tudo é fictício, tudo é estranhamente pessoal, real, e incrivelmente aceite pela maioria dos habitantes do planeta.
Neste campo dou um destaque e uma palavra de apreço ao povo PortuguÊs.
O Portuga aceita tudo e adapta-se às transformações com uma capacidade de encaixe que deveria ser objecto de estudo internacional.
Queixa-se, rabuja, refila, mas lá se adapta, se renova, se transforma, e se insere na realidade que lhe é apresentada, sem muita dificuldade.
Ser PortuguÊs é de facto algo que apenas nós compreendemos, fomos oprimidos, invadidos por Franceses, Ingleses, Espanhóis, Mouros, Fenícios, Cartagineses, mas resistimos, sempre, a TUDO! Porque ser Portuga e viver aqui no Burgo tem que se lhe diga.
Quando nos chateiam muito, viramos as costas e voltamo-nos de frente para o Oceano, onde mais não vemos do que um imenso Oceano, portador de tanta da nossa glória, da nossa história, da nossa herança patriótica, de que nos dias que correm, já ninguém se lembra, talvez se lembre o Manuel de Oliveira ou José Hermano Saraiva, mas poucos mais o saúdam...
Sejam Portugueses, sejam capazes de se reínventar, de se adaptarem, de se transformarem...
Sejam fortes, que a força compensa, a crença não é uma doença, é uma vertente da esperança, que a nós nos mostra a dança, que é viver em Portugal.
E tu? o que pensas sobre a doença, que afecta o planeta, não largada por um cometa, mas pelo sistema evolutivo, que dita regras e regulamentos, afecta os pensamentos, mas nos transporta para o futuro.
Prenderes-te no passado, é um erro injustificado, que mais dia menos dia, acaba com o bailado, das vozes que discordam, daqueles que cedo acordam, para o mundo dignificar.
Força Portugal, que a ti te quero tanto.
E tu meu bom amigo, que tens feito entretanto? Queme dizes de teu encanto?

16 de fevereiro de 2010

Olha para mim ó Tejo.

Olha para mim ó Tejo.


   Que triste é este olhar que sobre ti debruço, no acordar de mais um dia de um jovem, já cansado da rotina dos dias, do vagaroso passar das horas, do incerto cálculo dos tostões num bolso de pedinte.
   Pela manhã as frases, as ideias, os gestos, repetem-se ciclicamente como os movimentos de um pequeno peixe num ainda menor aquário. Um descafeinado. Uma meia de leite e uma sandes mista. Nos dias de festa, quem sabe uma bifana e uma imperial.
   É então que o aroma me desperta. Lisboa não cheira apenas aos cafés do rossio, como nos cantou a grande voz deste Portugal, cheira sim ao rio que a atravessa para se enamorar com o enorme oceano que o recebe de braços bem abertos, cheira aos carris dos eléctricos que vagarosamente teimam em subir e descer as colinas tão belas e famosas que a compõem; Cheira também pela manhã aos perfumes e pela tarde ao suor dos estrangeiros que a palmilham de lés a lés, com uma apaixonante naturalidade, sem reclamar, praguejar ou lamentar e com um quase irritante sorriso permanente de boa disposição contagiante. Lisboa morre pela noite e renasce pela manhã.
   Será que alguém já gastou alguns minutos de conversa com a Lisboa dos miradouros, dos monumentos Quinhentistas, dos candeeiros adornados, dos teatros de revista, das calçadas empedradas, do toque intimista, tentando apenas perceber aquilo que lhe vai na alma?
   Mas não estará Lisboa cansada de morrer e renascer a cada dia, revoltada com o destino que lhe traçam e com a espantosa (des)educação dos novos e velhos Lisboetas que para ela olham e que nela vivem?
   O que pensará Lisboa de tudo isto?
   Adeus Lisboa. Esta é uma frase curta e forte que tenho gosto em proferir, mas na verdade quando o faço, sobretudo depois de algum tempo fora, percebo quão sentida e saudosista se torna esta mesma frase, quão verdadeira e reprimida ela se assume quando estou distante desta minha cidade. Viver em Lisboa é sem dúvida uma experiência intrigante e acima de tudo marcante. Lisboa tem uma luz, uma cor, um cheiro característico, tem uma alma, uma vida, uma tez resplandecente.
   Chegamos a invejar esse ar de contente, acompanhado de um ruborizar dos rostos destes nossos visitantes. O seu contentamento e embevecimento perante a nossa cidade, acaba por se assumir como algo de estranho e por vezes incompreensível para quem vive em Lisboa desde sempre, para quem a vê todos os dias, vestida e maquilhada da mesma forma, para quem sabe que esta Lisboa, ainda que se tente vestir ou maquilhar, está sempre despida e pálida.
   Lisboa é daqueles que admiram os monumentos grandiosos e descobrem neles imperfeições estéticas e gastos de manutenção adicionais, para quem entra nos pastéis de Belém e pensa, “ Isto já não é o que era dantes”. Os olhos dos visitantes vêm sempre melhor que os nossos, ou melhor, os olhos dos visitantes não se deixam contaminar pelo olhar frívolo e criticista de alguém que conhece as entranhas da cidade onde vive e os males que a assolam.
   Mas creio que se torna fundamental nos dias de hoje, a presença destes benéficos olhares sobre a nossa cidade, afinal de contas, estes olhares embelezam-na, engrandecem-na, vestem-na, e maquilham-na de uma forma simultaneamente oculta e dilacerante para todos aqueles que nela vivem, que assim parecem de tempos a tempos, ver reacender nos seus corações o encanto e o orgulho que se sente por se ser habitante da cidade de Lisboa.
   Esta frase poderá soar estranhamente bairrista e patriótica, mas no entanto creio que será reflexo do sentimento que quase todos os lisboetas têm dentro de si, mesmo que esse sentimento se encontre guardado num recôndito local dentro do nosso pensamento. Acima de tudo Lisboa tem o cheiro que cada um lhe quiser dar.
   Mas afinal, nem só de cheiros vive Lisboa. Será que Ela ainda vive? Será que alguém ainda nela quer viver? A mim apeteciam-me nela morrer, mas sinceramente estou hoje cansado de nela viver. Talvez não seja este sentir, mais do que estar doente dos olhos, como diria Pessoa.
   Talvez este sentir seja mais do que um qualquer sentimento.
Hoje, já crescido, continuo a dizer, um dia, quando eu for grande, ainda hei de ir para Lisboa, viver, crescer mais um bocadinho, aprender, amar, sorrir, perder, ganhar, construir.
Lisboa, não tenhas medo, vou contar-te um segredo.
Quando eu aqui chegar, será para não mais te deixar, prometes que não voltas a chorar?

26 de janeiro de 2010

E se fosse possível?

Surpeendido acordo pela manhã, olhos meio inchados, boca seca, tshirt molhada, pés frios.   Frios, muito frios os dias que antecederam esta manhã gelada que me secou a boca e me enregelou os pés.
Não percebia bem porque razão tinhas os pés frios, a boca seca, tudo bem, bebi demais ontem à noite, com o tabaco, tanto pior, mas os pés frios, os pés frios era.... esquisito, ahhh, não sei explicar.
Fui até à casa de banho, onde percebi que ainda tinha os olhos meio inchados, a boca gretada, pensei que seria do whisky mas não, eram gretas provocadas pelo frio, mas os pés não tinham gretas.
  Reparei, ao passar as mãos pela cara, que tinha as unhas sujas com terra, dentro das unhas, numa proporção estupidamente estranha. Lavei as mãos, e não tornei a olhar para as unhas.
  Fui até ao frigorífico, servi-me de um belo e habitualmente gelado copo de Coca-Cola, e bebi-o praticamente de uma vez, sentia-me no meio do deserto da tunísia, sequioso, gelado de febre, desidratado, e caminhava com uma leveza estranha.
Segui a rotina normal dos dias e fui ver se tinha mensagens no telemovel, ou alguma chamada. Tinha 2 mensagens tuas, que adoro ler ao acordar, estavas preocupada por serem 16h da tarde, e eu ainda não ter acordado, já me tinhas ligado para casa inclusivé, não ouvi nada. Tentei-te ligar, mas não estava a dar, dava erro de ligação. Tentei de casa, não dava, parecia que de repente tinha acontecido qualquer coisa de completamente anormal em meu redor.
Liguei à minha mãe, também estava desligado, o meu irmão, também desligado, o meu melhor amigo, também desligado. Parecia propositado.
Tomei banho, vesti-me e saí à rua.
Liguei a vEsPa e fui andando. Outra coisa estranha que me aconteceu, passei em 21 semáforos, 19 cruzamentos e 3 rotundas, e nunca precisei de travar, tudo verde, cruzamentos livres, rotundas vazias.
  Era como se toda a humanidade me estivesse a evitar. E eu? Tranquilo da vida.
Bem, parei, no alto do Parque Eduardo VII, a ver o rio, a olhar para ti, a imaginar onde estarias. Voltei a ligar-te, voltou a não dar, por fim consegui... Chamaste por mim, comecei a falar e tu só dizias: "tou? tou? tou...!!? quem fala? Como é que arranjaste este telefone. É do meu..." e começaste a chorar.
Tentei acalmar-te, mas estava eu mais nervoso do que tu, porquê?
Porque durante o tempo em que estiveste a fazer perguntas e a chorar, eu estive sempre a falar, e tu não ouvias nada do que eu dizia, nem sequer falaste directamente, parecia que estavas a falar para algum desconhecido, parecia até que....
EU TINHA MORRIDO!
Espera lá?? Que estúpidez completa, se eu morri como é que tenho telemóvel, vEspA, estou no Parque Eduardo VII a ver o Rio Tejo, a ver-te a ti, a ligar paaaara ti..
Mas a bem dizer ainda nem consegui falar contigo hoje e jã são 20h00, ninguém me atende o telefone, tu atendes e pouco tempo depois desatas a chorar?
O que se passa?
Decido o mais óbvio.
Vou me tentar aleijar...
Tento, mas... não consigo tentar. Não consigo pensar.. Estou bloqueado. Estou, naaa, não pode ser.
Estou morto.
O quê??
E tu? E a Maria InÊs?? e, tudo, e a minha mãe? o meu irmão..? O meu irmão.
Será por isso que tenho as unhas com terra, porque saí do buraco para passear?
Passado um bocado o telefone toca.
Onde é que o telefone de um morto toca? Onde é que um morto ouve o telefone a tocar? Ele até pode ter um telefone, mas depois como é que lhe carrega a bateria?
Ahh, agora é que te apanhei, mas estou a ficar sem bateria.
Volto para casa, ninguém me diz nada, volto para a cama, não quero saber.
Volto a acordar, outra t-shirt, agora seca, pés quentes, boca normal, afinal onde estive eu ontem?
Ligo-te, os pés tão quentes, não tenho meias, não quero luvas, é verão, mas onde estive eu então?
Não tinhas acordado ainda, mas parece que ainda há pouco estive aqui, mas não estiveste, quem te diz que eu não morri?
Que parvoíce, ainda agora acordaste e já tás a dizer asneiras Martim?
Sou eu, sou quem sou, acordei assim, mas diz-me se não é por ser parvo que gostas de mim?
Gostava que um dia voltasses para junto de mim.
Mas eu estou aqui.
Eu sei, dizes tu, mas eu já não saio daqui.
Apanhas-lhe o jeito, digo-te baixinho.
Se viver a teu lado, é viver a sorrir, porque não posso brincar com o que há de vir?
 Ou já veio.
Cala-te palerma.
Nem tudo pode ser feio.
Nem tudo pode durar.
Mas digo sem receio, enquanto dura, leva a vida a brincar.

22 de janeiro de 2010

(SOBRE)viver.

(SOBRE)viver neste planeta parece estar a tornar-se cada vez mais dramático, mais problemático, mais difícil, impossível, pouco provável, para quem não tem a sorte de ter contas em bancos, de estudar, de ter uma família, de ter uma casa, carro, mota, para quem não tem a sorte de passar férias em países que não o seu, ou numa cidade que não a sua. É realmente preciso ter muita sorte para se poder (SOBRE)viver nos tempos modernos.Tudo custa os olhos da cara, o "sistema" arranjou maneira de lhe estarmos sempre a dever alguma coisa, para pagar a casa, o carro, as férias, as obras, a escola dos miudos, os sapatos que se rompem, os cadernos que se rasgam, as canetas que se partem. Arranjamos maneira de serpentear pelo meio de tudo isto e conseguimos acordar de manhã e sorrir, conseguimos inclusivamente arranjar maneira de sermos felizes.
Na verdade o ser humano é qualquer coisa de verdadeiramente fantástico.
Ontem assisti a uma cena de felicidade no meio do terror que têm sido estes dias no Haiti. Uma criança, de 8 anos se não estou em erro, e é possível que esteja, pois têm sido tantas as vítimas e tantos os números "avançados", como se diz na gíria, daquela que eu espero vir a ser a minha futura profissão, (sobre)viveu durante uma semana, debaixo de escombros. O mais curioso, se é que existe alguma coisa de curioso no meio daquela calamidade, sem que seja mórbido em primeiro lugar, claro está. Mas como estava eu a dizer, o mais curioso, foi que a mesma criança permaneceu durante uma semana encolhida na posição fetal, como se de facto tivesse inconscientemente recorrido, à sensação de protecção do ventre materno.
As imagens alcançam sem dúvida um poderio devastador, mas imaginar este cenário não deixa de ser assustadoramente real e tocante. A vontade e a força de viver, superiorizaram-se à fatal partida do destino, à desmedida e descontrolada fúria da natureza, sobre aqueles que pouco mal lhe fazem.
No fim de contas sobreviver foi foi bem mais fácil do que será agora viver o resto da sua vida, com a dor de ter perdido a família, e de ter um futuro praticamente definido pela falta de oportunidades que a (SOBRE)vivência no seu país lhe reserva. Boa sorte pequenino, bem vais precisar.

8 de janeiro de 2010

Nada será igual

Bom ano para todos os que têm a amabilidade de estar a ler isto, para todos aqueles que fazem o favor de ir passando por aqui de quando em vez, e digo de quando em vez, porque de vez em quando, é muita fruta.
Ora pois ao que vamos nós hoje?
É preciso ser-se realmente estúpido para vir para aqui a estas horas, sem saber minimamente o que vou escever, ou melhor, sem saber minimamente o que estou aqui a fazer.
De facto hoje não foi de todo um dia normal. Através dos sempre vitais blocos noticiosos, vi que no norte da Suécia estão -40ºC, na Holanda o Mar do Norte, estava coberto de camadas superficiais de gelo, na Polónia morreram 120 pessoas, e que a vaga de frio Polar, que por cá também se faz sentir, com um modesto frio do caraças, se vai manter durante mais duas semanas, que agradável este verão da Sibéria. é sempre fantástico imaginar como vão dormir as pessoas, os milhares de pessoas que noite após noite dormem nas ruas das várias cidades deste planeta, enfim é o mundo em que vivemos.
O ser humano está lentamente a afundar-se na densa cortina de fumo que o mundo projecta, e que cega os mais distraídos.
Esperança, o importante será sem dúvida manter a cabeça à tona, para sabermos sempre para onde estamos a nadar, mesmo quando as vagas atingem proporções por vezes inquantificáveis.
Limiares, não são mais que pequenos degraus que se ultrapassam com uma facilidade assombrante, quando a força nos impele à conquista.
Como tal, nada melhor que começar o novo ano com força suficiente, para acreditar que tudo se resolve, que tudo se consegue, que tudo se alcança, na correcta e devida altura, na correcta e devida proporção.
Gostaram deste registo? Qual Dr. Phil..
Nada se repete, tudo se altera, o igual é apenas matemático.