16 de dezembro de 2008

Gosto de aparências

Efectivamente, gosto das aparências.. Assim o disse Rui Reininho e assim o afirmo eu também. As aparências, raramente me iludem, mas muitas vezes me desiludem. Creio que este é de facto o ponto fulcral desta mensagem. Muitas são as ocasiões, em que as impressões, as aparências desiludem o ser humano e isso começa exactamente, pelo treino obcecado e intensivo que o nosso sentido apurado, ou em alguns casos simplesmente deficiente, a visão, nos remete para juízos de valor precipitados, ou não, isto é, as primeiras impressões, os primeiros olhares, as primeiras observações que fazemos sobre algo, ou sobre alguém, são quase sempre decisivas relativamente à formação de opinião sobre esse algo ou alguém, seja ela, positiva ou negativa. Assim, um conselho que gostaria de deixar a esta tão nobre espécie, tão inteligente e dotada de tamanha supremacia, seguinte:
-Humano, deixa de usar a primeira impressão como uma espécie de tribunal interno, onde conferes um julgamento sem hipótese alguma de defesa, onde condenas sem qualquer tipo de possibilidade do condenado se defender e opta por um tratamento mais justo da imagem de filtras. Aprende a ser humano e a respeitar as diferenças a que os teus olhos não estão habituados, deste modo viveremos todo bem melhor, neste paraíso em forma de globo, que é este belo planeta triste.

24 de novembro de 2008

No aprender está o ganho

É impressionante a capacidade humana mais brilhante e que, sendo treinada, nos acompanha por toda a vida, estou a falar, não da capacidade portuguesa de enganar o próximo ou da capacidade humana de se tornar melhor que o seu semelhante, ou mesmo da capacidade inata de... comer, estou sem dúvida a falar da maravilhosa capacidade que o ser humano possui, a capacidade eterna de aprendizagem. Sentir que estamos de facto a apreender qualquer coisa, a "enfiar" no nosso cérebro, coisas novas, que vamos desmontando e categorizando mentalmente e que nos tornam, mais capazes, mais cultos, mais pessoas, mais cidadãos do mundo, mais seres vivos, e que, a meu ver, nos faz sentir melhor por termos a possibilidade de aprender constantemente.
È sem dúvida esta sensação que tenho experimentado recentemente e que me tem trazido um gaudio inexplicável. É uma leve sensação de medo que me assalta, por estar a entrar num campo totalmente novo, que é o das ciências da comunicação, mais propriamente, o Jornalismo, mas ao mesmo tempo, sinto uma enorme felicidade por me sentir novamente a aprender. Creio que esta será sem dúvida, a melhor forma de vos explicar o que sinto, uma enorme felicidade, aliada a uma tremenda curiosidade, que se justifica pela "ignorância" que sinto relativamente ao meio em que me estou a inserir. Sei o que fiz, porque é que o faço, e o que quero fazer. E tu? tens alguma coisa a dizer? Aprender é bom, aprende, só tens a ganhar.

16 de novembro de 2008

Há dias

Existem dias, que embora nos pareçam fúteis e redundantes, se transformam pura e simplesmente em dias felizes e gratificantes, por muito banais que nos possam parecer. Tal facto faz-me sorrir, faz-me acreditar nas pessoas que me rodeiam, nas pessoas a quem simpaticamente concedo minutos do meu tempo, doses elevadas dos meus sentimentos, pedaços importantes e muito significativos de mim mesmo, sem pensar duas vezes na concessão, na dádiva, na partilha, simplesmente porque me sinto feliz por estar a partilhar quem sou, o que sou, de onde venho, para onde vou. Sou humano, preciso dos outros para crescer, para ser mais forte, melhor, mais completo e isso realmente acontece. Aqueles que me fazem ser melhor e maior, são, no fundo, aqueles que me retribuem sem cobrar nada em troca, tudo aquilo que lhes dou, tudo aquilo que os faço sentir. É realmente saboroso, deitar-mo-nos, ou acordarmos com uma sensação de preenchimento, de completa realização, ainda que seja momentânea e passageira, mas acima de tudo, uma realização digna de ser registada, em fotografias, quadros, desenhos, pinturas, canções, ou nesta patética forma de expressão que por vezes pode ser a escrita. Mas muito se enganam se pensam que menosprezo ou critico a escrita ou o registo feliz através da mesma de sentimentos ou momentos de maravilha, simplesmente digo que, sabe bem estar feliz, sabe bem acreditar em coisas boas. O mundo está triste, de luto, preocupado, mas como já anteriormente referi, importa sem dúvida que concedamos uma linha de crédito ao mundo, às gentes, às pessoas, aos momentos que vivemos e com os quais nos confrontamos diariamente. É sem dúvida extremamente fácil criticar, destruir, opinar, mas será sem dúvida mais fácil a nossa vida, se não nos limitar-mos à crítica mas sim, se procurar-mos uma saída para o marasmo, uma alternativa à desgraça, ao fado de ser Português. Ser derrotado triste, derrotista lamentável, ser vencedor é difícil, ser vencido é pior, ser positivo é uma conquista a que só chega quem não desiste, quem não atira a toalha ao chão, como o pugilista, que, embora cansado de apanhar pancada, cansado de amparar com o rosto murros violentíssimos disferidos com o ódio milenar dos milhares de povos que odiaram o mundo, se levanta, se senta no seu canto azul, ou vermelho, cospe o sangue para o balde, ergue a cabeça, e diz bem alto, com uma voz fria, mas com a força de milhões de combatentes dentro de si, ISTO AINDA NÃO ACABOU! Sinto-me fraco, cansado, mas não quero nem vou desistir, acredito que quem quer, pode e quem pode, consegue. Se todos quisermos, podemos conseguir chegar a qualquer lado, o mundo estará por certo cansado, triste, enfraquecido, tal como o nosso pugilista, mas todas as pessoas que pagam para ver o mundo e o pugilista, acreditam nele até ao fim. Eu acredito, o que me dizes tu?

14 de novembro de 2008

Perder...

Muito se perde, pouco se ganha. Mas engana-se quem afirma ao mundo que não tem mau perder. Hipócritas, isso sim, mentirosos, sem dúvida, ainda que inconscientemente. Pior do que mentir aos outros, é por certo, mentir-mo-nos a nós mesmos, tentarmos enganar a única pessoa que tem a certeza absoluta e messiânica das nossas convicções, crenças, valores e verdades. Querermos acreditar que não nos importamos com a derrota, ou ainda pior, com a perda, é uma descarada e rídícula tentativa de engano pessoal. Que atire a primeira pedra, o parvo, estúpido, burro, imbecil, troglodita, sem querer diminuir esse povo que vive nas montanhas da Tunísia e que nada tem de imbecil ou troglodita, que achar ou que tenha mesmo a coragem de afirmar conscientemente e ciente da dimensão daquilo que está a dizer, que não se importa, ou melhor, que é totalmente indiferente à perda, à derrota. Pois quem o disser, que pense duas vezes antes de voltar a proferir tamanha insensatez. Perder é triste, é doloroso, é terrível, é uma das piores sensações que o ser humano pode experienciar, talvez apenas superada pela vergonha e pela solidão, por isso meus amigos, que se afirmam senhores de um admirável fair play, tenham tento na língua e vão à mais profunda gruta do vosso subconsciente verificar a veracidade dessa vossa estúpida e atrasada falsa questão. Perder é algo para que não estamos preparados, o nosso cérebro não vem equipado de série com essa maravilhosa capacidade que é a aceitação da derrota e da perda.

13 de novembro de 2008

piada

Muito me apraz constatar, o degradante estado da minha mente retorcida, que imagina coisas onde elas não existem. Não deixa de ser engraçado viver neste mundo sujo e perceber que de facto não passo de um simples anormal que acha piada às coisas mais estúpidas e insignificantes. Desfaço-me em gargalhadas quando vejo alguém caír, chamam-me sádico, se acho graça aos problemas e infelicidades dos outros, chamam-me insensível, se me divertem os sem abrigo, os marginais, os tóxicodependentes, os reformados, os doentes, os animais abandonados, chamam-me estúpido, mas afinal de que me posso eu rir?
O mundo perde a olhos vistos, a sua natural capacidade de rir, de diversão, de escárnio, de hilariante e afunda-se categóricamente nesse saco negro, ou azul, que é abrilhantado pela tão afamada crise, que traz professores para a rua, que traz famílias inteiras para a rua, que não conseguem pagar empréstimos, que têm empregos e ordenados, mas que não chegam para o orçamento mensal, que qerem comer e não podem, que têm sede e não têm água, a isto tudo eu simplesmente acho piada, acho piada porquê?
Porque me consigo rir de tudo isto e consigo acreditar que isto são apenas peças de teatro diárias, feitas propositadamente para divertir os anormais como eu, que ainda conseguem sorrir e ter capacidade de acreditar que tudo isto não passam de manobras de diversão, ou melhor, que tudo isto são acima de tudo piadas muito bem elaboradas e trabalhadas, pelos senhores de fato e gravata que governam o mundo engraçado em que vivemos. tem piada ou não tem. estes senhores são ou não são o fim da picada?

23 de outubro de 2008

Inimigos

Na vida,existem paradoxos interessantes mas ao mesmo tempo estúpidos. Veja-se por exemplo, os amigos. É verdade que eles existem, é verdade que na sua grande maioria tratam-se de seres humanos exactamente idênticos a nós, salvo as excepções que comportam os seres vivos, que não são humanóides, e sim animais, mas não deixa de ser menos verdade que entre amigos, a dita, amizade, acaba por se tornar uma coisa extremamente complexa e por vezes pouco perceptível. Ora vejamos, competimos diariamente por tudo, desde a atenção dos outros amigos, a atenção das raparigas que fazem parte desse mesmo grupo de amigos, competimos por empregos, por lugares nas universidades, por férias em sítios melhores e menos melhores, por roupas, mais ou menos interessantes, cortes de cabelo, mais tarde, passamos a competir por salários, por casas, pela localização dessas mesmas casas, pela festa de inauguração das casas, pela festa do casamento, pela igreja onde casamos, pelo aparato do copo de água, pela bebedeira que se apanha, pelo carro que compramos, pelos filhos que temos, pelos colégios onde os matriculamos, pelos desportos em que os inscrevemos, novamente pelas férias que fazemos, pelas fotografias que tiramos, pela televisão que compramos, pelas prendas que oferecemos, pela qualidade dos jantares que damos...
No fundo, passamos uma vida inteira em comparações e competições estupidificantes, com aqueles que consideramos ser os nossos amigos, os nossos melhores amigos, com quem partilhamos segredos, confidências, traições, tristezas, alegrias, frustrações, dores, incertezas.. tudo. Acabamos por estar a partilhar e a expor todas estas coisas, aos nossos INIMIGOS. A amizade é ou não é uma coisa subjectiva?
Amigos, pensem nisto, mas acima de tudo, pensem bem naqueles que escolhem como amigos, e não os vejam nunca como inimigos, este é talvez o segredo de manter boas e longas amizades, neste mundo de inveja.
Porque acima de tudo, o que acontece é que o ser humano, teme sempre, aquilo que não tem a capacidade de compreender, e ao temer, goza, ridiculariza, troça, rebaixa, e porquê? Porque o homem, é burro, é estúpido, e muitas vezes não tem a capacidade de melhorar. Se tens amigos assim, não te aflijas, não és o único e vais encontrar mais "amigos" destes na tua vida. Dorme descansado, a tua vida vale mais com a amizade, tens é de saber dar-lhe o seu verdadeiro e real valor. Os amigos que tens hoje em dia, podem não ser eternos, mas são teus amigos, podem roubar-te a casa, o trabalho, a mulher, o carro, e tudo mais, mas estão a teu lado quando precisas, por isso não tenhas medo, mesmo com os teus amigos, usa preservativo.

25 de setembro de 2008

Metrópole

A minha cidade não é mais a mesma cidade.
A minha cidade é cada vez mais um aglomerado de vontades contraditórias que se empilham em cima dos desejos de quem a viu nascer, crescer, há séculos atrás e sobretudo de quem nela nasceu e cresceu e que agora, como eu, tem uma enorme dificuldade em identificar-se com ela. É realmente triste quando não nos conseguimos identificar com uma coisa que sempre tivemos como nossa, como parte pertencente e integrante de nós, sendo que nós, somos obviamente, parte integrante dela. São as pessoas que constroem as várias Lisboas, são as pessoas que destroem as mesmas Lisboas. Pessoas, mais uma vez, o mal é irremediavelmente o mesmo e advém sempre da mesma fonte. Pessoas e vontades, conflitos e verdades. Pessoa, esse sim, fazia falta a Lisboa.
Dorme bem Lisboa, quando acordares acorda-me também a mim. Estarei sentado, como é costume, num banco de um teu jardim.

23 de setembro de 2008

Sensações

Abandono o transporte, sinto-me pesado, frio, amargurado, apático e amorfo, no fundo sei que estou indiferente a tudo o que à minha volta acontece, acções, palavras, movimentos, pessoas também, a praticamente tudo.
Lentamente vou caminhando, atordoado por uma inexplicável inércia, que me obriga a caminhar muito devagar, enquanto tento perceber, porque razão estou eu a caminhar se na realidade o meu corpo não quer andar. Encontro facilmente o meu inimigo e adversário natural, o meu pensamento, o meu cérebro. O que posso eu fazer para o contrariar?? Resposta óbvia, NADA!!!
Dobro a esquina e encosto-me à parede, tentando descansar, sinto-me exausto ao fim de cinco minutos de caminhada, falta-me o ar, circula lentamente e mais pesado do que eu. Subitamente, aproxima-se de mim um estranho ser caminhando a alta velocidade, detém-se à minha frente e pergunta-me as horas, cabisbaixo, fingo não perceber uma única palavra daquilo que aquele velocista me diz, como se de facto ele estivesse a falar um qualquer idioma que nunca antes tivesse eu escutado, mas o homem, não contente com ausência completa de uma simples resposta, resolve retorquir a pergunta, desta vez, acompanhada de um pequeno mas incomodativo toque no braço esquerdo. Desculpa, tem horas que me diga por favor? Tamanha educação, mas no entanto não me apetecia sequer abrir os olhos, mas eis que o meu inimigo resolve tomar o controlo da situação. Subitamente os meus ouvidos ouvem lá longe: São 21h30, exactamente, era eu a responder, contra a minha própria vontade, inicia-se então um conflito utópico, capaz de durar por horas, ou mesmo dias, dependendo da dimensão da minha apatia e da minha falta de vontade, despoletadas pela tristeza que me cola os pés ao alcatrão.
É tarde, mas não me apetece mexer para lado algum. Dou-me por vencido e deixo que o meu inimigo me conduza, seja lá para onde for que o traste queira ir, não tenho outro remédio senão baixar os braços, e simplesmente caminhar na direcção por ele tomada, vou a contragosto, mas vou.
Boa noite, dorme bem Lisboa, agora que de ti me afasto, ao menos diz-me se gostaste da minha não companhia.
Aquele beijo para ti, limpa-te, estás tão suja, essa cor não te favorece.

22 de setembro de 2008

Pensas, mas no fundo não existes

"No leito de vida o poeta julgava a inconsciência do seu ser, condenava-o veemente por cada acto ou punia-o severamente por cada pensamento. Cansado de ser vítima da crueldade irrevogável do seu pastor, o pequeno cordeiro resolveu deitar-se, prostrado, pronto a morrer, deixando o velho poeta, sem ideias e sem capacidade sequer de exprimir as mínimas vontades, desejos, intenções ou simples actos mecânicos e normais numa coisa dita, humana. Foi o abandono total dos pensamentos da cabeça do homem. Invariavelmente, o homem apenas coabita neste mundo porque pensa, ou pelo menos, devia fazê-lo, tal como os outros homens. É isso que o torna brilhante e tão audaciosamente superior a todos os outros seres vivos, a quem submete as suas vontades fascistas, ou pelo menos é nisso que o homem acredita, isto é, que é superior a todos os outros seres vivos. Rídiculo para um ser vivo, que se afirma e se sabe ser inteligente, ser capaz de menosprezar toda a comunidade viva da terra apenas para se auto denominar como superior atribuíndo-se a si próprio direitos que ninguém lhe concedeu, olhando para si próprio como uma divindade que um dia ao mundo desceu. Vergonha, isso sim, vergonha era o que cada um de nós deveria sentir pelas barbaridades que a espécie humana, atroz e sádicamente comete dia após dia, ano após ano, século atrás de século. Nada nos distingue hoje em dia dos povos bárbaros de há milénios atrás, dos caçadores recolectores, dos homens das cavernas dos tempos das guerras pelo fogo. Mas esta é a realidade, o homem é o dono do mundo, e o que pode ele fazer sem pensamentos?? Nada, apenas ser ciclicamente sodomizado, como são todos os restantes habitantes, deste pequeno lugar, que tem tanto de belo, como de monstruoso, e que um dia alguém resolveu apelidar de mundo. Pobre mundo que sofres muitas vezes em silêncio, com tanta merda que vês passar diante dos teus olhos, não chores mais, em breve tudo estará terminado. Acredita em mim."