Ontem, e não hoje, ou há meses atrás.
Ontem mesmo, depois de um passeio nocturno pela minha tão singela rua, encontrei um cenário tristemente real, daqueles que nos fazem perceber em que mundo estamos.
Ora, eram 22:50, não muito tarde, mas também não muito cedo, quando me apercebo da passagem, do lado contrário da rua, sentido descendente, de um grupo de jovens que pensei ser mais um grupo de míudos, adolescentes, que andavam a passear rebeldemente pelas ruas, quando olho por cima do ombro e de seguida de frente para eles, que já me tinham virado as costas, vejo o mesmo grupo, composto por 4 rapazes e 2 raparigas, debruçados sobre os caixotes do Lixo.
Nem queria acreditar, parei expectante para ver o que acontecia, para confirmar se estavam a deitar lixo fora, ou se estavam a fazer realmente aquilo que me parecia que estavam a fazer.
Ora, a realidade dos dias de hoje é esta mesmo, não adiante fugir-lhe ou escondermo-nos atrás das portas, das persianas e dos cortinados.
Há fome, há desespero e existem brigadas organizadas de recolha de lixo orgânico.
O grupo trazia consigo sacos de cartão onde rapidamente começaram a colocar alimentos que faziam já parte dos desperdícios do meu prédio.
Subi lentamente os 13 andares que o elevador do meu prédio percorre até me deixar em casa, a pensar na crítica situação que acabava de presenciar e só me vinham ideias tristes à mente, mas no meio de tudo, aparece-me à mente o pensamento altruísta e solidário de um dia vir a ser muito abastado para ajudar aqueles que passam por tamanhas dificuldades..
É de facto um sinal dos tempos em que vivemos, dos tempos que atravessamos e é bem possível que seja apenas o começo, assim sendo, talvez não seja mal pensado, rever os prazos de validade dos produtos que vamos consumindo, pois talvez não seja má ideia fazer um esforço para percebermos o que vamos mandar fora, e tentar manter o mínimo de assiduidade no saco do lixo.
No teu lixo pode estar a riqueza de muitos outros.
Vale a pena pensar nisto
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