Reza a história, que quando alguém equaciona a possibilidade de tar um daqueles grandes, ora bem, como é que se pode explicar isto da melhor forma, espalhanços ao comprido, logo aprece aquela sábia alma, com o poderoso e sempre inteligente e oportuno comentário, "Deixa lá que se caíres também não passas do chão", o que não deixa de ser uma magnífica e espantosa verdade à La Palisse, mas que objectivamente falando, não passa de uma estúpidez aguda, que costuma atacar a espécie humana, em especial aquela facção que gosta de tentar atirar graçolas para o ar, mas que normalmente terminam a frase com cara de Gnus aparvalhados, que esperam um movimento de alguém em seu redor, que dê a ligeira mostra de simpatia para com a barbaridade proferida, e por piedade, solte um esgar de misericóridia, para com o infeliz que teve a astúcia de dizer tamanha merda.
Assim sendo, caír tem que se lhe diga.
Esta semana fui vítima de um autêntico abalrroamento por parte de um veículo automável. Provavelmente estarão agora a pensar, este anormal é um exagerado do catano, xiça, mas não, nada disso.
Ora, passeava-me alegremente na minha Vespa, de cilindrada 50cc, no rabo do parque das nações, que é como quem diz, às portas de Sacavém, quando, dentro de uma rotunda que mais parece um folhado de salsicha, fui, quando circulava à perigosíssima velocidade de 25 km/h, ou talvez me tivesse mesmo esticado e fosse a 30 km/h, vá... (Bem sei que sou louco, e que devia ter mais cuidado com a velocidade, mas a adrenalina que se sente em cima de uma vespa a uma velocidade destas é qualquer coisa de inexplicável, indescritível mesmo, só quem tem a argúcia e a incomparável capacidade de arriscar de um condutor de uma Vespa, de 50cc, é que sabe ao que me refiro).
Eis senão quando sou então surpreendido por um par de indivíduos na casa dos 50 anos, que sem mais nem ontem, passam da faixa da esquerda, sem accionarem o sinal de mudança de direcção à direita, (o tal do pisca) e resolvem atravessar duas faixas de rodagem, para virem admirar a minha estúpida mas admirável insanidade, própria de quem se faz transportar numa mota a 30km/h.
Mas eles queriam ver bem de perto, como se de facto quisessem mesmo, sentar-se comigo ao volante da mota, para não morrerem sem poder dizer que tinham experimentado uma das proezas mais incríveis que um homem pode fazer, depois de ir ao centro comercial do Martim Moniz, ou à loja do cidadão dos Restauradores.
Tal não foi a interacção, que quiseram ver como é que a minha bomba se deitava nas curvas. Vai daí, num passo de mágica, pimba, atiram me para o chão para poderem ver melhor.
Resultado, apaixonei-me, foi um amor tão intenso e fugaz ao mesmo tempo, que tornou tudo especial. Fundi-me com o alcatrão, e como não sou de meias medidas, nem gosto que se fiquem a rir de mim, ou que me dêem com os pés, resolvi levar para casa uma recordação desse momento tão belo.
Depois de ter aproximadamente 1,5 segundos para pensar, que foi o tempo que demorei a a caír e a levantar-me, decidi que ia levar um bocado de alcatrão comigo, agarradinho ao meu ombro, e ao cotovelo e ao joelho, do lado esquerdo, o lado do coração.
Ora devo dizer-vos que é algo que não se esquece mais, e a simpatia e prestabilidade dos senhores também não. Enfim, a mota é que não gostou muito de ter sido sodomizada daquela forma bruta e indelicada, mas pronto, agora, vai ter a sorte de ser toda reparada, pintada, apaparicada, sei lá mais o quê que termine em ada, mas que não a aleije muito, que já lhe basta as velocidades loucas a que eu a submeto, que ela quando chega a casa até transpira...
Esta foi sem dúvida uma tarde para recordar, e aprendi uma grande lição, as vespas não são para andar a velocidades tão elevadas, e que o alcatrão também não engana, esfola logo..
1 comentário:
ahah muito bom! fazes comparações que não lembram às funcionárias da Adega dos Mastros!
já que falo de comparações, aqui vai uma patética: antes levares alcatrão pra casa do que beijares a relva da Luz como o João Tomás
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