18 de novembro de 2009

Joel Silveira.. indo ao essencial! Que descanse em sossego.

Hoje, venho aqui por uma razão que não considero triste, muito pelo contrário, creio que as homenagens, mesmo as realizadas depois da morte daqueles a quem nos propomos homenagear, são inteiramente dignas e justificadas, caso contrário, pura e simplesmente não eram feitas, e se o são, na verdade devemos deixar-nos de hipócrisias e falsos moralismos, e percebermos de uma vez por todas, que é um gesto bonito, e solene até(para agradar aos ferverosos e sempre opinativos membros do culto cristão/messiânico), na medida em que alguém reconhece o valor de outrém e por esse mesmo reconhecimento ser real, são então tomadas medidas, no sentido de se prestar à pessoa falecida, uma devida homenagem. Ora, poderão vir agora os arautos da sabedoria e da moralidade, afirmar de forma categórica, que esse mesmo reconhecimento, deveria ser feito em vida, sim senhor, até me disponho amavelmente a concordar com a opinião sngela de vossas ilustres excelências, mas não posso deixar de advertir vossas excelentíssimas BESTAS, que existem variadíssimos momentos, em que tais homenagens, não acontecem, porque não se adivinha que de um dia para outro a pessoa se vai lembrar de morrer.
Ora nem todos são o Raúl Solnado, a Amália Rodrigues, o Ruy de Carvalho, ou a Eunice Muñoz, pessoas, que eu venero enquanto cidadãos, enquanto artistas, enquanto pessoas com um carisma e uma liberdade  de pensamento absolutamente inquestionáveis e irrepetíveis, mas não posso concordar com o que as excelentíssimas bestas dizem, quando afirmam que uma homenagem feita depois da morte de alguém não tem tanto valor como a que é feita em vida. Pois não, tem um valor diferente, porque a feita em vida, é uma peça que lhe é preparada e apresentada, de maneira a que a pessoa se sinta, em pouco mais 40 ou 50 minutos, recompensada e grata por toda a vida que dedicou à labuta, enquanto que a feita depois da vida, não terá nunca a reacção do homenageado, mas tem todo o sentimento inerente ao factor chave, à partida, e creio sim, que esta última será sem dúvida bem mais sentida.
Joel Silveira, foi-me dado a conhecer, no decorrer de mais uma etapada minha formação académica.
Por volta da 1ª semana de Outubro de 2008, aquando da minha chegada ao Mestrado que estou a frequentar, foi dele a 1ª aula a que assisti, e foi com uma óptima impressão que desde logo fiquei.
Um conhecedor absolutamente invulgar da história mundial, moderna, antiga, história, pré história, presente, passado, futuro, de tudo o Homem, soube, sabia e sabe.
FOi de facto um PRAZER ENORME, ter tido a possibilidade de beber a àgua rica da sua fonte, perceber a fantasmagoria pérfida em que vivia envolto o embranhar do seu ardiloso discurso, mas foi acima de tudo um ganho inquantificável, aquele que tive por ter podido beneficiar da sabedoria e do conhecimento, de um homem, que sabe quase tudo sobre quase tudo.
Foi com admiração e transtorno que recebi a notícia da sua morte, e digo morte porque acho que não tenho nada que estar para aqui a ser simpático, com algo que não é simpático para ninguém, e que não escolhe, vai ao acaso e leva quem quer e quem lhe apetece.
Como tal, quero que a MORTE, vá bardamerda, que eu cá não tenho medo nenhum dela, e lhe digo aqui, podes um dia levar-me, mas não me levas de ânimo leve, como tenho a certeza que não levaste, Joel Silveira.
Seja lá onde quer que ele esteja, estará por certo melhor do que estava cá em baixo, porque neste mundo de crentes, apenas me resta senão dizer, que já nem Deux vos pode ajudar, porquê?
"God left this place long time ago"(Blood diamond, nunca o Di Caprio disse alguma coisa com tanto sentido, também pudera não foi ele que o escreveu)
Camões disse um dia, que "(...)amor, é fogo que arde sem se ver(...)" Eu aqui digo, viver é arder e não queimar, é chover sem me molhar, é andar e não sentir, é saltar e por vezes caír.
Espero que tenha vivido bem a sua vida, e que tenha partido tranquilo.
Um forte e eterno abraço, foi uma Honra.

4 comentários:

Cristina Cássio disse...

Esta é a homenagem ideal para o Joel..sem dúvida q ele ia gostar! Homem de poucas e muitas palavras, dizia o q tinha a dizer e aguentem-se..Vai fazer falta pq quer queiram quer n perdeu-se além de uma gd pessoa um gd cérebro!!!
Joel Silveira, o ensino acabou de ficar mais pobre ..
Cristina Cássio

Anónimo disse...

Sobre os ombros de gigantes. O professor Joel é um deles.

Anónimo disse...

Quem disse 'amor é fogo que arde sem se ver' foi Camões e não Pessoa. Ambos grandes astros do nosso humilde canto mas diferentes.
Pessoa bebeu muito de Camões mas esta frase não é dele!
Bons textos de opinião, uns melhores que outros mas denoto uma certa qualidade nalguns textos, continua!

Martim Mariano disse...

Obrigado por amavelmente te teres dado ao trabalho de comentar as palermices que por vezes me iluminam.
Escrevo porque preciso e não porque simplesmente me apetece, como tal, é bom saber a opinião de anónimos, que se prestam a criticar o meu trabalho, o que me motiva e me traz ainda mais necessidade de escrever, ao recanto mais recôndito do meu estômago.
Obrigado e um grande bem haja