7 de outubro de 2012

Aqui

Perdido na imensa imensidão daquilo que vejo e na recambolesca percepção daquilo que vejo e não percebo.

Não porque não tente... O Tempo sabe bem as horas que lhe dou, o Tempo sabe bem os passeios mentais que faço dia após dia, em especial nos dias que antecedem as noites frias.
Sou de carne como todos nós, mas vejo coisas nas coisas e procuro nas coisas o valor que as faz serem na verdade alguma coisa!
Por vezes não sei mesmo o que dizer.
Por vezes sinto que não sou ajuda nenhuma, que não sou mais do que um curioso espectador do real que nos dá a mão nas noites de solidão.
Tantas vezes.
Vezes como as de hoje.
Em que olho sem saber como olhar, em que toco sem saber se devo tocar, em que penso sem saber bem no que devo pensar, ou onde é que o pensamento me vai levar.
Não me canso de o fazer.
A vida é feita disto mesmo.
No caminho a percorrer que é forçoso e compulsivo, que te impele a caminhar e não arrepiar caminho, mesmo quando o burburinho é mais forte do que a convicção, mas não mais forte que a razão, isso nunca!
Bloquear não é de todo uma opção.
O calcorrear da vida mundana obriga a missões tantas vezes maiores do que as próprias capacidades percepcionais para a real capacidade de tentar entender o que quer seja.
O chamamento é tantas vezes inaudível e imperceptível aos olhos, mas está lá, gritado em surdina, com a voz de menina num pranto que é seu por direito, porque a dor que se carrega no peito é tanto maior quanto maior a percepção do que se sente.
Há quem não aguente o sofrimento.
Há quem não se consiga segurar no tempo.
Há quem tente insistentemente perceber o que sente, na amargura dos sentimentos de gente.
Há quem não tente de todo.
Há quem viva no lodo.
Há quem não viva de todo.
Há quem não queira ser ninguém.
Há também quem queira simplesmente ouvir as palavras de alguém.
E que mal é que isso tem?
Estou aqui.
No agora que importa!
Que interessa se a vida vai torta?
Um abraço e isso passa... E o navio que parte e deita fora o esbaforido na fumaça densa e caprichosa que trepa atmosfera fora.
Quantas de ti?
Quantas horas te abraçam e por ti passam, sem que as olhes nos olhos, enxutos, inchados.
É tarde.
Vira-te para o outro lado.




 

2 comentários:

Um lado da ponte disse...

Tantas vezes na vida vais sentir isso. Já passaste por muito, mas conseguiste sair, pelo teu próprio pé, e assim te revelaste bem mais forte do que o que tu próprio acreditavas. Terás ainda muitos dias assim, mas haverá também muitos outros que te vão fazer sentir único, abençoado, especial e oxalá nunca cometas o erro de esquecer de viver: "No agora que importa!". Erros assim pagam-se caro.

Anónimo disse...

Os teus textos inspiram-me.