12 de julho de 2009

hoje..

Hoje, vem sempre no seguimento descompassado do ontem, numa cadência enjoativa, que nos condena terminantemente a correr, vivendo a vida, que é bem diferente de viver a vida a correr.
Correr vivendo a vida, traduz-se essencialmente, num passar a vida a correr, mas vivendo mais propriamente a corrida do que a própria vida. Isto está errado, ou pelo menos deveria estar.
As pessoas nem se apercebem deste desporto mundial, que poderia mesmo ser apresentado como nova competição olímpica. Sei de fonte segura, que só não o é, porque não haveria mãos a medir pela competição feroz que desencadearia. Todos os praticantes das mais diferentes modalidades se aperceberiam da verdadeira dimensão do desporto proveta, e de imediato, desistiram das suas gloriosas (ou nem por isso) carreiras, para se alistarem nos quadros desta modalidade. Haveria assassinatos nas aldeias olímpicas, a máfia passaria para a competição mais depressa do que nos passa o vento pela cara, nas manhãs de Inverno.
Ora, deste modo temos então a noção, ou pelo menos deveríamos ter, de que não há, ainda, porque não faltará quem se lembre, de começar a comercializar isso na net daqui a uns anos, prolongamentos contratuais com o Senhor, para o prolongamento do tempo que podemos ter neste planeta. Por isso mesmo, é mais do que hora de realmente percebermos se andamos a correr vivendo a vida em simultâneo, ou se andamos a viver a vida a correr. Nenhum dos dois é bom, caso ainda não tenham percebido, mas esse é de facto, o ponto crucial da parvalheira sobre a qual acabo de dissertar. Abandonem as duas hipóteses correctas e transformem as vossas vidas. É difícil eu sei, acordar bem disposto, não nos enervarmos com os taxistas e com as mulheres e velhos no trânsito que temos de atravessar para chegarmos ao emprego, onde o patrão, que muitas vezes nem sabemos bem quem é, está sempre a ameaçar com cortes nas despesas e despedimentos colectivos, não saber o que havemos de almoçar, pedir uma Coca-Cola e levar com uma pepsi(a letra pequena é propositada, não se trata de desatenção do palerma que escreveu isto), chegar a casas e ter o marido, ou a mulher, a dar-nos um "chá preto" porque não fizemos a cama, não fomos levar o lixo, deixámos acabar o leite, não pagámos a luz, bla bla, tudo isto é complicado, eu sei, mas não é por correrem a ver passar a vida, ou por passarem a vida a correr, que isso vai aliviar a pressão. Nem tão pouco é por andarem com caras trancadas e de sorrisos no bolso, para dar de quando em vez, tal como fazemos com os elogios, as prendas, os carinhos, os abraços, os bom dia, boa tarde, boa noite e até amanhã, que a situação vai melhorar.
O que me dizes tu quanto a isto?

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